domingo, 10 de abril de 2016

Dia Mundial do Parkinson



A doença de Parkinson (DP) é uma doença progressiva e degenerativa, em cujo curso a mobilidade do paciente se deteriora, o que pode implicar dificuldades nas atividades de vida diária, tais como fazer compras e cozinhar, o que possivelmente também acarretará mudanças nos hábitos alimentares, ingestão de energia e nutrientes. Poucos estudos têm focado os hábitos alimentares em pacientes com DP. Além disso, quanto à prevenção da enfermidade aliada a uma alimentação saudável, ainda existem algumas controvérsias, principalmente com relação aos micronutrientes.

Entre as alterações provocadas pela DP, encontra-se a perda de peso como um achado comum. A falta de apetite também está associada a quadros depressivos frequentes, assim como os efeitos colaterais das medicações que também contribuem para a baixa ingestão alimentar, além das disfunções sensoriais com diferentes intensidades em portadores dessa doença. 

Devido à sintomatologia presente, como perda de peso involuntário, dificuldades de mastigação e até mesmo a desnutrição, são necessários cuidados nutricionais específicos, visando a manutenção do peso, ingestão de proteínas adequadas, prevenção do controle de constipação e adaptação do paciente que pode possuir problemas motores.

Avaliação Nutricional

Tendo em vista a transição epidemiológica e o aumento da prevalência do sobrepeso e obesidade na população brasileira, a avaliação isolada de medidas antropométricas e IMC pode disfarçar a presença de risco nutricional. Em contrapartida, essas medidas de fácil obtenção são recomendadas para o monitoramento do estado nutricional.

As medidas de circunferência do braço e da panturrilha de idosos com DP não se diferenciam das encontradas em idosos saudáveis. A redução de medidas antropométricas resulta, geralmente, de longo prazo de desnutrição, sendo essas medidas pouco sensíveis para detecção precoce de má nutrição. O acompanhamento desses pacientes se faz necessário para evitar que mudanças na ingestão alimentar ao longo da evolução da doença possa contribuir para a instalação da desnutrição.

Quando comparada às medidas antropométricas, a MAN (Mini Avaliação Nutricional) é uma ferramenta precisa e sensível de avaliação, devido a sua capacidade abrangente de estimar perda de peso e capacidade funcional, além de incluir medidas antropométricas. Apesar da eficiência da MAN em estimar o estado nutricional de pacientes idosos sob várias condições, poucos estudos têm avaliado o estado nutricional de pacientes com DP por meio dessa ferramenta, provavelmente por apresentar a limitação de requerer resposta a questões que necessitam de memória, podendo esta estar afetada nessa população.

As drogas antiparkinsonianas devem ser ingeridas junto com alimentos para evitar náuseas e irritações no trato gastrointestinal. Podem provocar alterações no peso, xerostomia (produção insuficiente ou nula de saliva) ou sialorreia (produção excessiva de saliva), alteração da palatabilidade, constipação ou diarreia, fadigabilidade entre outros sintomas.

Bioquimicamente, provoca diminuição de hemoglobina, hematócrito, leucócitos e potássio; aumento da TGO, TGP, fosfatase alcalina, bilirrubina e ureia; no exame de urina pode aparecer falsa hipo ou hiper-glicosúria, aumento do ácido úrico e retenção.

Outro aspecto importante da DP é o tratamento com o medicamento levodopa (principal droga utilizada no tratamento da DP, que alivia os sintomas por aumentar as concentrações de dopamina), em que alguns aminoácidos dietéticos podem competir com esta droga em relação a absorção intestinal e transporte desse medicamento através da barreira sangue-cérebro, limitando assim a sua eficácia e sendo responsável pela ocorrência de flutuações motoras. Assim, diretrizes recomendam dieta com baixo teor de proteínas à medida que a doença progride, pois nesses casos são necessárias doses mais elevadas de levodopa.

A levodopa aumenta a excreção urinária de potássio e sódio e a necessidade de vitamina C, diminui a absorção de triptofano e outros aminoácidos.

É preciso dar atenção especial também para a piridoxina, pois ela aumenta o metabolismo da levodopa diminuindo sua concentração no encéfalo.

A orientação dietética do paciente com Parkinson deve ser baseada nas recomendações nutricionais específicas para sua faixa etária, bem como minimizar as alterações no TGI, prevenir alterações hepáticas, renais e/ou cardiovasculares, devido aos medicamentos utilizados, e, principalmente, manter equilibrado seu estado nutricional.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Castro, RCB. Quais são os distúrbios nutricionais relacionados com a doença de Parkinson. Disponível em: www.nutritotal.com.br Acessado em: 07/04/2016.

Cereda E, Barichella M, Pezzoli G. Controlled-protein dietary regimens for Parkinson's disease. Nutr Neurosci. 2010; v.13, n.1, p: 29-32.

Cukier, C; Magnoni, D; Alvarez, T. Nutrição baseada na fisiologia dos órgãos e sistemas. 1 ed. Sarvier: São Paulo 2005, p.270-284.

Morais, MM; Fracasso, BM; Busnello, FM; Mancopes, R; Rabito, EI. Doença de Parkinson em idosos: ingestão alimentar e estado nutricional. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. 2013; v.16, n.3, p: 503-511.

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