domingo, 3 de fevereiro de 2019

Nutrição e Diabetes Tipo 2


Diferentemente da diabetes tipo 1, a maior incidência do DM tipo 2 é por fatores hereditários e acometer mais os indivíduos na fase adulta. Porém, neste caso, a produção de insulina é normal, mas os tecidos do corpo se tornam resistentes à sua ação, o que acaba impedindo a absorção da glicose pelo organismo e gerando o aumento da taxa de açúcar na corrente sanguínea.

A nutrição adequada está associada tanto à prevenção do diabetes quanto ao manejo da glicemia quando a doença já está instalada e a prevenção das complicações decorrentes, como catarata e cegueira, infarto do miocárdio, amputação de membros, pé diabético e dificuldade de coagulação sanguínea, impotência sexual masculina, e outros problemas como doenças pulmonares e circulatórias, insuficiência renal e hipertensão arterial.

A prescrição da rotina alimentar deve seguir os preceitos da alimentação para a população em geral.

Quanto à distribuição dos macro e micronutrientes, é feita da mesma maneira que no DM1. E quanto à Contagem de Carboidratos, também pode ser utilizada, não há a interação com a insulina, mas a ingestão dos carboidratos é monitorada da mesma forma, o que facilita o controle glicêmico.

Quanto às dúvidas sobre o que é carga e o que é índice glicêmico, vou aprofundar um pouco: índice glicêmico é a velocidade com que o alimento vira glicose no sangue. Para isso existe uma tabela que divide os alimentos em alto, médio ou baixo índice glicêmico. Quanto mais alto, mais rápido o açúcar chega ao sangue. Quanto mais baixo, mais devagar chegará ao sangue para elevar a glicemia, por isso, seu consumo é mais interessante aos pacientes diabéticos.

Exemplos: Alto índice glicêmico: pão branco, tapioca, refrigerantes com açúcar, arroz branco, batata inglesa (e batata frita, claro) Médio índice glicêmico: arroz integral, beterraba crua e cenoura crua Baixo índice glicêmico: aveia, feijões, grãos, nozes, leite, iogurte, quinua, etc.

O consumo excessivo de álcool deve ser evitado, mesmo que eventualmente. Para evitar hipoglicemia (baixo nível de glicose), o álcool deve ser sempre ingerido juntamente com alimentos. Lembrando que o álcool é muito calórico e o seu consumo predispõe a obesidade, que por sua vez apresenta efeitos negativos sobre o controle do diabetes.

E o papel das fibras? Elas realmente ajudam no controle da Glicemia?

Preconiza-se uma ingestão diária de 20 a 30g de fibras, no caso do diabetes as fibras mais indicadas são as pectinas e gomas que tem a característica de formar gel retardando a absorção dos alimentos pelo organismo. O gel formaria uma barreira entre os alimentos e as enzimas digestivas ou entre as moléculas simples de glicose e as paredes do intestino, responsáveis pela absorção. A digestão e a absorção retardadas fariam com que a glicose entrasse aos poucos na circulação sanguínea, sem o risco de uma elevação brusca de seu nível. Alguns alimentos ricos em fibras e amido resistente têm o papel de retardar a absorção de glicose evitando o descontrole da glicemia. A biomassa de banana verde, a farinha da casca de maracujá e a batata yacon são alguns destes alimentos. 



Muito se fala em índice glicêmico e carga glicêmico, vamos entender a diferença?

A carga glicêmica (CG) é um indicador de qualidade e quantidade de carboidrato, a partir de uma determinada porção consumida desse nutriente pela dieta. A CG fornece o resultado do efeito glicêmico da dieta como um todo porque avalia a porção de carboidrato disponível dos alimentos e o IG. Dessa maneira, a fórmula utilizada seria a seguinte: CG = porção do carboidrato disponível x IG/100.

Por exemplo, o IG da banana (tendo como controle a glicose) é de em média 52. Porém, sua carga glicêmica é de 12, referente a uma porção de 120 g, contendo 24 g de carboidrato. Então, a banana possui valor médio de IG, mas baixo CG. Quando o paciente com Diabetes faz Contagem de Carboidratos esses conceitos não são utilizados, pois o que importa é a quantidade de carboidratos por refeição, e não a qualidade destes (em termos de controle da glicemia, não do alimento ser mais ou menos saudável).

E os alimentos Diet e Light? Qual a recomendação?

A definição de alimento light deve ser direcionada aos produtos que apresentam redução mínima de 25% em determinado nutriente ou calorias, quando comparado com alimento convencional. O diet significa que o alimento tem ausência total de um nutriente. Portanto, a primeira diferença entre alimento diet e light está na quantidade permitida de nutriente. Enquanto o diet precisa ser isento, o light deve apresentar uma redução mínima de 25% de nutrientes ou calorias em relação ao alimento convencional. A segunda diferença é que o alimento light não é, necessariamente, indicado para indivíduos que apresentem algum tipo de doença (diabetes, colesterol elevado, doença celíaca, fenilcetonúria). No caso dos indivíduos diabéticos o termo correto é o diet, por ter ausência total de açúcar. Se for comprar algum alimento light precisa conferir nos ingredientes descritos no rótulo, se na composição tem açúcar ou não.

Alimentos Funcionais e Diabetes

Amêndoas: Segundo estudo, esta oleaginosa ajudou a melhora a sensibilidade à insulina em adultos pré-diabéticos. Esta oleaginosa é um alimento de baixo índice glicêmico, com alto teor de fibras, gordura insaturada, minerais e proteínas, e pouquíssimo carboidrato. Contém fitatos e compostos fenólicos, que garante as propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, além da capacidade de diminuir níveis lipídicos e de inibir enzimas digestivas tripsina e amilase, esta propriedade faz com que haja diminuição da velocidade de nutrientes, aumentando a sensação de saciedade. Além disso é fonte de monoinsaturada, alfatocoferol, cobre, magnésio, arginina, fitoestetorois e polifenois. O consumo de 60g de amêndoa por dia nas refeições já é suficiente para diminuir os níveis de glicemia e de insulina.

Canela: Os compostos polifenóis e o cromo presentes na canela são considerados como possíveis responsáveis por seus efeitos em melhorar a sensibilidade à insulina e o controle glicêmico. Um outro benefício dos polifenóis observados nos estudos in vitro são sua ação antioxidante e a potencialização da ação da insulina, podendo ser benéfica no controle de intolerância à glicose e diabetes.

Estudos mostraram que pacientes com Síndrome Metabólica, que consumiram extrato de canela, apresentaram melhora na glicemia de jejum e na pressão arterial sistólica: o consumo de 500 mg / dia do extrato de canela, durante 12 semanas, pode levar a melhorias significativas em vários aspectos dessa síndrome.

Outro estudo demonstrou que a canela, adicionada a uma dieta por 40 dias nas doses 1, 3 e 6g, reduziu a glicose, os triglicerídeos, o colesterol LDL e o colesterol total em indivíduos com Diabetes Melitus tipo 2. Verificou-se também que, mesmo após 20 dias sem o consumo dessa especiaria, os efeitos benéficos permaneceram. Alcachofra: A alcachofra é capaz de melhorar o funcionamento das células beta, que ficam no pâncreas e são responsáveis em produzir a insulina, hormônio que ajuda a colocar a insulina para dentro das células. Além disto, ajuda a reduzir a resistência a insulina, ou seja, faz a insulina funcionar da forma correta. Ela também tem efeitos na redução da gordura do fígado e ação diurética.

Texto elaborado por: Priscila Di Ciero

Nutricionista formada em 2001, sou pós-graduada em Nutrição Esportiva Funcional e estou em formação para obtenção da certificação do Functional Medicine Institute (USA). Sou self e professional Coach formada pelo IBC e certificada pelo Internacional Society of Sports Nutrition (USA). Atualmente curso pós-graduação em Fitoterapia e atendo em consultório particular na zona sul de São Paulo (SP).

 As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

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