segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Alimentação no Transtorno de Déficit de Atenção


O transtorno de déficit de atenção é uma desordem mental com maior prevalência em crianças e adolescentes, que causa prejuízos importantes no desempenho acadêmico e nos relacionamentos familiares e sociais e por isso deve ser alvo de intervenção clínica para auxiliar na melhora da qualidade de vida desses pacientes.

A nutrição pode auxiliar na prevenção e no controle ao déficit de atenção. Várias pesquisas já detectaram que crianças com déficit de atenção apresentam carências nutricionais e intolerâncias a determinados alimentos e até aos aditivos alimentares dos produtos industrializados.

Os prejuízos e riscos para o déficit de atenção podem ocorrer desde a gestação, uma vez que alguns estudos mostram a relação de crianças que nascem com déficit de atenção e a deficiência perinatal em nutrientes como colina (ovos, peixe, soja), iodo (peixes água salgada, frutos do mar e água), folato (vegetais verde escuro, feijão, carnes magras, aspargos) e deficiência em ferro (carnes magras, espinafre, lentilha), afinal estes são nutrientes importantes no desenvolvimento neuronal dos fetos, prevenindo, más formações e defeito no tubo neural.

Em crianças, níveis baixos de magnésio foram associados à hiperatividade e a falta de atenção na escola, pois a falta deste nutriente pode influenciar no funcionamento do cérebro reduzindo o metabolismo energético, a sinalização das células nervosas e o fluxo sanguíneo no cérebro. Podemos obter o magnésio na alimentação por meio do consumo de vegetais folhosos, cereais integrais, leguminosas (feijões, grão de bico, lentilha) e oleaginosas (nozes, avelã, amêndoas).

O consumo excessivo de gordura saturada e ácido graxo trans está sendo relacionado também a maiores prejuízos no aprendizado e na memória, altos níveis de colesterol podem implicar no acúmulo de uma proteína (B-amilóide) no cérebro responsável por prejuízos na função cognitiva, similar ao que ocorre no Alzheimer, além disso, a aterosclerose também aumenta as chances de prejuízos cognitivos.

O alto consumo de carboidratos refinados (farinha branca e açúcar) faz com que os níveis de insulina subam, este hormônio em altos níveis pode exercer efeitos deletérios na cognição. Por isso devemos dar preferência aos carboidratos de baixo índice glicêmico (cereais integrais) estes liberam glicose lentamente, não elevando os níveis de insulina no sangue.

Já o consumo de ácidos graxos ômega-3 tem sido relacionado ao desenvolvimento e funcionamento do cérebro e melhora nos sintomas de crianças com déficit de atenção, por isso devemos incentivar o consumo de peixes, de água salgada, como salmão, atum, sardinha que são ricos nesse nutriente.

Além disso, o consumo de alimentos ricos em flavonoides (uva, cacau, chá verde) pode ser benéfico uma vez que estudos mostram que estes compostos poderiam protegem os neurônios e estimular a regeneração neuronal.

As pesquisas com relação ao uso de cúrcuma só possuem testes em animais, em ratos a curcumina (composto fenólico) tem apresentado efeito de prevenção de morte dos neurônios em doenças neurodegenerativas.

Estudos mostram que problemas gastrintestinais, mais especificamente o aumento da permeabilidade intestinal, fazem com que proteínas não digeridas, como o glúten e a caseína, sejam absorvidas passando para a corrente sanguínea e produzindo substâncias estimulantes. Dessa forma, provocam a hiperatividade e acentuam o déficit de atenção. Por isso indivíduos com esta patologia devem realizar acompanhamento médico para verificar possíveis intolerâncias e aversões a fim de reduzir os sintomas.

Por fim, pesquisas recentes revelam que fetos e crianças precocemente expostas a produtos industrializados (corantes artificiais) podem apresentar danos no desenvolvimento cerebral e déficit de atenção sendo que a exposição a estes químicos durante o desenvolvimento fetal pode causar danos ao cérebro com doses muito mais baixas que no cérebro do adulto. As indústrias de alimentos estão sendo orientadas para que troque os corantes artificiais pelos naturais, de origem vegetal, gerando menores chances de que o consumo dos produtos gere riscos para déficit de atenção.

Texto elaborado pela nutricionista: Patrícia Bertolucci

Nutricionista pela Universidade Federal de Goiás – UFG.

Assessoria a Clubes e Empresas ligadas ao esporte ou com interesse em qualidade de vida.
Responsável pela empresa Patrícia Bertolucci Consultoria em Nutrição.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.



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