segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Interações Medicamentos x Nutrientes


O funcionamento satisfatório do organismo exige nutrientes necessários e indispensáveis à saúde.

Muitas alterações orgânicas (como as doenças e processos inflamatórios) necessitam de um aporte nutricional adequado e, a maior parte das vezes, do uso de medicamentos (chamados de drogas também), devendo ser prescritos e supervisionados por um médico.

No entanto, a associação entre esses medicamentos e os nutrientes pode causar uma interação indesejada, permitindo um aumento ou diminuição da eficácia da droga e/ou do nutriente. Sim, nutrientes interagem com medicamentos, e vice versa!

É muito comum, na prática clínica, o uso de medicamentos pelos pacientes, sendo por indicação e supervisão médica ou não, o que é muito perigoso para a saúde.

A medida que o indivíduo envelhece, observamos a ingestão de um número maior de medicamentos, reduzindo a qualidade de vida e, muitas vezes, agravando outros sintomas os quais não apresentava antes. Quer um exemplo? 

O indivíduo inicia o tratamento medicamentoso para dor e inflamação (como uma dor na coluna), mas inicia com dor no estômago, então… já associa o uso de remédio para proteção gástrica. Ou seja, para resolver um problema X, ele teve que tratar o problema Y ocasionado pela medicação. 



A preferência em tomar a medicação se faz presente em muitos pacientes, pois é muito mais fácil tomar um “remedinho”, do que tratar efetivamente a causa do problema, alterando os hábitos de vida. 

E ainda pior, a AUTOMEDICAÇÃO! Quem nunca tomou um remédio sem prescrição médica? Ou pediu a opinião para um amigo? A AUTOMEDICAÇÃO pode trazer um alívio imediato para o sintoma, mas pode trazer CONSEQUÊNCIAS GRAVES!

Considerada com um problema de saúde pública no Brasil e no mundo, mais de 25% dos casos de intoxicação registrados no Brasil, vieram do uso inadequado de medicamentos. Além de intoxicação, há riscos de reações alérgicas, dependência química, aumento da resistência de certas bactérias (tornando-se difíceis de matar).

Visto isso, o Brasil adotou a venda de antibióticos somente por prescrição médica! Mas… observou o maior consumo de anti-inflamatórios para fins distintos (dores de cabeça, coluna, garganta…). O que acontece é que os anti-inflamatórios podem fazer muito mal, provocando contração de vasos e retenção de sódio e água (podendo levar ao aumento da pressão arterial), colocando em risco o coração e os rins. Além disso, são tóxicos para o fígado, provocam gastrite e lesão intestinal, podendo causar úlceras.

Do ponto de vista nutricional, o uso de medicamentos cronicamente compromete o estado nutricional do indivíduo. 



Os medicamentos podem aumentar, retardar ou inibir o aproveitamento de nutrientes, sendo frequente a má digestão e a má absorção de nutrientes, como a presença de náuseas, vômitos, diarreia, constipação intestinal, dor de estômago, os quais levam à perda de nutrientes e a diminuição de sua ingestão, devido aos efeitos secundários dos medicamentos.

A má absorção de nutrientes pode ser consequência direta de uma interação MEDICAMENTO X NUTRIENTES, produzindo alterações nas funções fisiológicas ou provocar lesões nas mucosas do trato gastrointestinal.

Ao contrário, alguns alimentos também podem afetar a ação das medicações, potencializando a ação ou diminuindo seus efeitos.

De forma resumida, as diferentes interações pode apresentar os seguintes caminhos:

- Alguns nutrientes podem influenciar no processo de absorção de fármacos;

- Alguns nutrientes podem alterar o processo de biotransformação (que é o processo de eliminação e diminuição da toxicidade do remédio) de algumas substâncias;

- Alterações na excreção de medicamentos podem ocorrer por influência dos nutrientes;

- Os medicamentos podem afetar o estado nutricional e o estado nutricional pode interferir sobre o metabolismo de certos remédios, diminuindo ou anulando seu potencial terapêutico ou aumentando seu efeito tóxico.

O Nutricionista Funcional tem como prática a análise do uso de fármacos, sendo de fundamental importância o conhecimento das substâncias ativas, cuja dosagem e velocidade de absorção, são ou não afetadas pela presença de nutrientes, assim como o uso destas, afetam a biodisponibilidade do nutriente.

Alguns exemplos práticos para ilustrar apenas, uma vez que o assunto é extenso e muitas interações ainda são desconhecidas. Veja nas imagens!

Sabemos que algumas terapias como quimioterapia e radioterapia, é contraindicado o uso de suplementação de antioxidantes (há vários tipos), pois estes podem diminuir o efeito terapêutico da droga que deve ser mantida para o tratamento. Assim como em pacientes com uso de antiarritmicos (tratamento para arritmia cardíaca), AIDS (antirretrovirais) entre outros, não são indicados. E por quê? Porque quem “armazena e libera” esse medicamento no organismo é o fígado (na verdade, o fígado é o grande órgão que capta todas as substâncias que entram no corpo) e, se houver uma alta ingestão de antioxidantes devido uma suplementação (aqui não conta alimentos, certo?), o fígado elimina pra fora do organismo a medicação e qualquer outra substância tóxica.

Por isso, consulte sempre seu nutricionista para o uso de suplementação e aplicação de condutas nutricionais para que não haja complicações do estado nutricional e de saúde!

Texto elaborado pela nutricionista: Dra. Christiane Bergamasco
Formada em Nutrição, há mais de 10 anos, com cursos de pós-graduação em Nutrição Clínica , Funcional e Fisiologia do Exercício. Autora de publicações científicas em livros e revistas, atuou em hospitais de primeira linha e também como professora universitária e consultora em programas de TV e revistas.
 As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Nenhum comentário: