Em meio a pandemia do COVID 19, surge outra epidemia, a da obesidade infantil, acomete cerca de 380 milhões de crianças e adolescentes em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. E o Brasil contribui significativamente para essa preocupante estatística, hoje uma em cada três crianças e adolescentes, com idade entre 05 e 19 anos, está com excesso de peso ou obesidade e, entre os adolescentes, a obesidade saltou de 17% para 28% na última década, segundo o Panorama da Obesidade em Crianças e Adolescentes. Projeções da OMS indicam que podemos ocupar o 5° lugar na lista de países com maiores índices de obesidade infantil em 2030.
Com o isolamento social, as crianças ficam em casa, sem poder brincar de forma livre ou ir a escola e participar das atividades na companhia dos amigos. Tudo isso interfere no peso e no comportamento, pois nesse período, as crianças estão demonstrando mais ansiedade, inquietude, muitas vezes se sentindo sozinhas e emocionalmente instáveis.
A Obesidade é uma doença multifatorial e devemos levar em consideração os fatores genéticos e hormonais, bem como os ambientais e comportamentais, como: alimentação, sedentarismo, ansiedade, depressão, falta de sono, etc.
A obesidade infantil é caracterizada pelo excesso de gordura corporal em crianças de até 12 anos. O diagnóstico também pode ser realizado através do índice de massa corporal (IMC). Na infância, devido a variações inerentes ao crescimento e ao desenvolvimento, a interpretação do IMC difere de acordo com gênero, faixa etária e as curvas de crescimento específicas.
Podemos citar os riscos que a obesidade infantil proporciona a saúde a curto e longo prazo, como: dislipidemias, aterosclerose, problemas cardiovasculares, diabetes, hipertensão, doenças respiratórias (asma e apneia), problemas articulares, complicações metabólicas e endócrinas, alterações do sono, problemas de pele (acne, assaduras e dermatites), maturação precoce, obesidade mórbida quando adultos. Além disso, a obesidade pode desencadear doenças emocionais e sociais, como: depressão, isolamento social, bullying, baixa autoestima e até mesmo disfunções alimentares como bulimia.
A obesidade infantil merece extrema atenção, para que possamos reverter esses dados com intervenções cada vez mais precoces, de forma multidisciplinar.
A prevenção da obesidade deve ser iniciada, na fase intrauterina por meio da programação metabólica, durante a gestação, pois o excesso ou a privação de nutrientes e/ou o estado nutricional inadequado da mãe pode repercutir em alterações epigenéticas no feto no meio intrauterino, podendo ocorrer o silenciamento ou ativação de determinados genes relacionados ao desenvolvimento de doenças crônicas, como: obesidade, hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, etc. Por isso uma gestação saudável é extremamente importante para a prevenção, não somente da obesidade, mas de muitas outras doenças. O aleitamento materno também é um fator protetor, uma vez que reduz o risco de obesidade infantil.
Outras ações são determinantes para a obesidade na infância, como por exemplo, o desmame precoce e a introdução de alimentos complementares inadequados ou de forma precoce (alimentos industrializados, com excesso de gorduras, açúcares, farinhas refinadas, etc.) durante a infância e adolescência.
O estilo de vida tem um grande impacto para o desenvolvimento da obesidade.
O exemplo precisa vir de casa, se a criança está em um ambiente onde a alimentação dos pais ou dos responsáveis é baseada em alimentos ultraprocessados, junk food ou é exposta precocemente a determinados alimentos, a probabilidade dela se tornar obesa é maior.
A postura ativa dos responsáveis frente às orientações do nutricionista é de fundamental importância para o sucesso no tratamento da obesidade infantil. As crianças são capazes e cooperativas, mas necessitam do apoio e da vontade dos adultos em proporcionar um ambiente favorável e com alimentos nutritivos, essas atitudes irão modificar o diagnóstico nutricional da criança e de toda a sua família.
Segue abaixo algumas dicas para prevenirmos a Obesidade Infantil:
Aos 06 meses de idade introduza uma variedade de alimentos seguros e nutritivos para complementar a amamentação e continue a amamentar até os 02 anos de idade ou mais;
Não adicione sal ou açúcar aos alimentos para bebês e crianças até 02 anos;
Ofereça alimentos variados e repletos em nutrientes, incluindo cereais, milho, arroz, batata, inhame, mandioca, lentilha, feijões, verduras, legumes, frutas, frango, peixe e ovos entre outros;
Consuma alimentos variados e frescos todos os dias, eles ajudam as crianças a obter a quantidade adequada de vitaminas, minerais e fibras necessários para o crescimento e desenvolvimento;
Incentive as crianças a praticar atividades físicas e a brincadeiras em que se movimentem;
É importante limitar o tempo de telas durante a rotina diária da criança (televisão, celular, tablets, computador, vídeo - game), crianças menores de dois anos não devem ter essa rotina;
Estimule uma alimentação saudável, equilibrada e variada, contendo todos os grupos alimentares, consumindo vegetais, legumes, frutas, cereais e grãos regularmente;
Não ofereça bebidas açucaradas (sucos de frutas artificiais, refrigerantes e leites aromatizados), incentive a ingestão de água;
Use óleos vegetais insaturados, como: óleo de oliva, soja, girassol ou milho em vez de gorduras animais ou óleos ricos em gorduras saturadas, como: manteiga, banha e coco;
Introduza carne branca, como frango (sem pele), peixe, ovos e carne vermelha (consumir 2 vezes na semana);
Evite carnes processadas, pois são ricas em gordura e sal;
Evite alimentos processados e fritos, pois contém gorduras trans;
Evite alimentos com alto teor de sal. Pessoas cujas dietas são ricas em sódio (incluindo o sal) têm maior risco de pressão alta, doenças cardiovasculares e derrames;
Evite alimentos com alto teor de
açúcar. Pessoas com dietas ricas em açúcares têm maior risco de sobrepeso,
obesidade, diabetes e cáries;
Ao cozinhar, limite a quantidade de sal e condimentos com alto teor de sódio, como molho de soja, temperos prontos;
Use sempre ervas frescas;
Esses cuidados devem ter início desde a fase de introdução alimentar e mantidos com a progressão da faixa etária da criança, para que ela adquira hábitos alimentares saudáveis para toda a vida.
Texto elaborado por: Dra. Vanessa Vichi Girotto Corrêa – CRN3. 18387
*Nutricionista Graduada pela Universidade de Sorocaba.
*Pós Graduada na Universidade Gama Filho: Alimentos Funcionais e Nutrigenômica: Implicações Práticas na Nutrição Clínica e Esportiva.
*Presidente do COMSEA (Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de Piedade-SP).
*Atuação como Nutricionista na Santa Casa de Misericórdia de Piedade e no Lar São Vicente de Paulo de Piedade.
*Nutricionista da Equipe de Atletismo de Piedade.
*Atendimento em Consultório e Home Care.
*Colunista do Jornal Terra, da Revista Outdoor Regional e da Revista Galeria Vip.
Referências bibliográficas:
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso)
https://saudeempublico.blogfolha.uol.com.br/2020/10/23/a-obesidade-infantil-eumaresponsabilidade-que-precisa-ser-compartilhada/
Ministério da Saúde e periódico Pediatrics
Organização Mundial da Saúde (OMS)
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
2 comentários:
Excelentes informações!
Excelentes informações!
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