quarta-feira, 27 de abril de 2022

Laxantes: Podem Ajudar e Também Atrapalhar

 


A prisão de ventre crônica pode ser causada por várias condições do intestino: dieta ruim, falta de atividade física, problemas anatômicos, doenças diversas (intestinais e sistêmicas), uso de medicamentos que propiciam a constipação. Além disso, pode haver um desequilíbrio de eletrólitos, enzimas, microbiota intestinal, água, fluxo sanguíneo e até hormônios. O uso de laxantes é muito frequente, no entanto, eles podem provocar uma série de efeitos adversos, como dor, inchaço, intestino preguiçoso, desidratação, gases, náusea.

 

Tipos de laxantes

 

Laxantes são ativos que promovem o movimento intestinal através de diversas estratégias e vêm em várias apresentações: pílulas, pós, sachês, chás, supositórios, enemas. Cada tipo tem uma função diferente alterando o processo digestivo: 1- agentes de volume contêm fibras como psyllium, dextrina de trigo, goma guar (Metamucil, Benefiber, Fiber Mais); 2- estimulantes irritam a mucosa, aumentam a contração dos músculos nos intestinos e acumulam água (Dulcolax, Tamarine); 3- surfactantes (óleos minerais) atuam como lubrificantes criando um efeito escorregadio; 4- osmóticos (lactulose, hidróxido de magnésio) atraem água para a luz do intestino hiperidratando e amolecendo as fezes; 5- hiperosmolares usam fluidos com sorbitol, fosfato ou glicerina em mini-enemas.

 

Laxantes fitoterápicos

 

Há também os laxantes fitoterápicos que geralmente agem causando irritação nas terminações nervosas do intestino para estimular o funcionamento. Os mais usados são sene, cascara sagrada e aloína (derivada da babosa). Mesmo sendo vegetal e natural, a irritação da mucosa intestinal pode causar efeitos negativos como diarreia e dor abdominal, e com o uso contínuo pode alterar a rotina de evacuação, com aumento da dose para obter o mesmo efeito e até dependência.

 

Abuso de laxantes

 

O abuso de laxantes é mais comum em pessoas com prisão de ventre crônica, com desordens alimentares (bulimia, anorexia) ou na intenção de perder peso. A noção de que os laxantes podem interferir na absorção de calorias, e assim inibir o ganho de gordura corporal, é falsa e perigosa. O uso crônico está associado a efeitos colaterais sérios, incluindo perda de peso inicial com posterior ganho ponderal, alternância entre constipação e diarreia, síndrome do intestino irritável, desequilíbrio de enzimas digestivas, eletrólitos e pH, problemas no sistema cardiovascular, desmaios ou tontura, desidratação, retenção de água e inchaço, danos em órgãos digestivos e intestino, e até câncer de cólon.

 


 

Intestino preguiçoso

 

Ao parar o uso de laxante é comum experimentar desconforto gastrointestinal. Laxantes que estimulam os músculos do intestino a se contrair podem reduzir a capacidade natural destes músculos de funcionar por conta própria após a longa exposição a um agente estimulante – o intestino fica ‘preguiçoso’. Esse efeito pode levar à dependência de laxantes para promover o movimento intestinal. Laxantes também podem interferir com a capacidade intestinal de absorver minerais e vitaminas, resultando em deficiência nutricional.

 

Retenção hídrica

 

Outro problema pós uso de laxantes é que o corpo tende a segurar água no sistema digestivo causando inchaço, ganho de peso por retenção hídrica, e possivelmente um metabolismo mais lento. Esse desconforto estimula a continuar o uso do medicamento, pela irregularidade intestinal e pelo ganho de peso temporário. É importante procurar um médico para receber a orientação adequada no desmame de laxantes. O uso de probióticos de alta qualidade ajuda a normalizar a microbiota local, acelera a movimentação do bolo fecal e corrige a função intestinal, segundo demonstrado por inúmeros estudos.

 

 

Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki. 

 

Título de Especialista em Nutrologia –  Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;

 

Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.

 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

 

Referências Bibliográficas:

 

*American J Gastroenterology 2021. Efficacy & Safety of Over-the-Counter Therapies for Chronic Constipation: An Updated Systematic Review.

*J Clinical Medicine 2021. Laxative use in the community: a literature review.

*Neurogastroenterology & Motility 2021. Gut microbial dysbiosis in gastrointestinal dysmotility & metabolic disorders.

*Clinical Nutrition 2020. Meta-analysis of randomized controlled trials of the effects of probiotics on functional constipation in adults.

 

 

 

 

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