O
nome selênio vem do grego selene, que significa lua. Este nome foi eleito
porque este elemento tem características químicas semelhantes ao telúrio, que
em grego significa terra.
Há duas formas de compostos de
selênio na natureza: a orgânica e a inorgânica. Vegetais absorvem o selênio em
sua forma inorgânica a partir do solo, a qual é convertida para a forma
orgânica, gerando compostos metilados de baixo peso molecular, além de
selenometionina e selenocisteína. A selenometionina é a principal fonte de
compostos de selênio presente em produtos vegetais como grãos, legumes e
leguminosas. Ainda, a selenometionina é o principal precursor para a síntese de
selenocisteína, a forma mais abundante em produtos de origem animal. Há também
a selênio-metilselenocisteína. O selenito e o selenato são as principais formas
de compostos inorgânicos de selênio, encontrados basicamente em suplementos,
visto que em alimentos a quantidade é extremamente baixa. As diferentes formas
do mineral são responsáveis por sua biodisponibilidade e distribuição tecidual.
As principais funções atribuídas ao
selênio incluem a capacidade antioxidante, a participação na conversão do T4
(tiroxina) em T3 (triiodotironina); a proteção conta a ação nociva de metais
pesados e xenobióticos, a redução do risco de doenças crônicas não
transmissíveis e o aumento da resistência do sistema imunológico.
Fontes de Selênio
O homem obtém selênio por meio de
alimentos, suplementos, água e ar. Porém, a principal fonte é a alimentação. A
quantidade de selênio contida em alimentos, água e ar reflete a concentração de
selênio no solo, portanto pode ser muito heterogênea em um mesmo tipo de
alimento se este for proveniente de áreas diferentes.
Alimentos como a castanha do Brasil
e o rim bovino são considerados as melhores fontes de selênio. Carne bovina,
frango, peixe e ovos, além de serem ricos em proteínas, também apresentam
quantidades importantes de selênio e em muitos países são a principal fonte
alimentar do mineral. Leite e derivados também podem fornecer boas quantidades
do mineral, dependendo da espécie animal e do conteúdo de gordura, sendo que o
leite de vaca e aqueles com maior quantidade de gordura apresentam as menores
concentrações. Frutas e verduras em geral são pobres em selênio, com exceção
daqueles vegetais denominados “acumuladores” de selênio, como alho,
mostarda-indiana, brócolis, couve-de-bruxelas, couve-rábano,couve-flor,
repolho, cebola e alguns cogumelos, os quais podem fornecer quantidades
importantes do mineral quando consumidos adequadamente. O levedo de cerveja
também pode ser classificado como fonte de selênio. Em regiões com solos que
apresentam quantidade suficiente de selênio, o trigo é uma boa fonte do
mineral, e, por consequência, o consumo de pães e cereais pode contribuir com a
ingestão de selênio.
A absorção do mineral é considerada
elevada, variando entre 70% e 95%. Em carnes, a biodisponibilidade é alta,
principalmente devido ao fato de as formas predominantes serem a
selenometionina e a selenocisteína. Em regiões de solo rico em selênio, a
farinha de trigo também é uma fonte que apresenta biodisponibilidade alta. No
caso de peixes, o conteúdo do mineral
geralmente é significativo, porém, a interação com metais pesados,
principalmente o mercúrio, reduz a biodisponibilidade, uma vez que pode ocorrer
a ligação entre ambos, formando complexos insolúveis. Nestes casos, a absorção
pode ser reduzida para valores entre 20% e 50%. Por outro lado, algumas
espécies de peixes apresentam biodisponibilidade elevada, como o salmão. Dados
de estudos realizados com ratos demonstram que o selênio presente no leite
parece ser tão biodisponível quanto o selenito. Alguns autores estudaram a
biodisponibilidade desse mineral no leite bovino em indivíduos ileostomizados.
A absorção fracional do mineral proveniente do leite desnatado foi de 73,3%,
enquanto a do leite fermentado, 64,1%. A diferença na absorção de selênio entre
os dois tipos de leite pode ser atribuída a uma possível alteração na
composição de selênio durante o processo de fermentação. A absorção de outros
produtos lácteos, como iogurte, queijo cremoso, coalhada, leite condensado, e
sobremesas, como pudim e sorvete, pode ultrapassar os 80%. No brócolis,
considerado um alimento “acumulador” de selênio, alguns autores verificaram a
biodisponibilidade mais baixa e menor taxa de incorporação às selenoproteínas,
em comparação com a carne. Provavelmente, essas diferenças ocorrem devido à
predominância das formas metiladas do mineral nesse alimento.
Recomendações
Nutricionais
Estágio
da Vida
|
AI*/EARµg/dia
|
RDAµg/dia
|
ULµg/dia
|
Recém-nascido e
crianças
|
|
|
|
0-6
meses
|
*15
|
-
|
45
|
7-12
meses
|
* 20
|
-
|
60
|
1-3
anos
|
17
|
20
|
90
|
4-8
anos
|
23
|
30
|
150
|
9-13
anos
|
35
|
40
|
280
|
Adolescentes
|
|
|
|
14-18
anos (M)
|
45
|
55
|
400
|
14-18
anos (F)
|
45
|
55
|
400
|
Adultos
|
|
|
|
19-
>70 anos (M)
|
45
|
55
|
400
|
19-
> 70 anos (F)
|
45
|
55
|
400
|
Gestantes
|
|
|
|
14-50
anos
|
49
|
60
|
400
|
Lactantes
|
|
|
|
14-50
anos
|
59
|
70
|
400
|
Fonte: IOM, 2000/ILSI,
2009.
AI= ingestão adequada; EAR = necessidade
média estimada; RDA = ingestão dietética recomendada; UL = limite máximo
tolerado de ingestão diária.
Deficiência em
Selênio
Certos grupos são mais vulneráveis à
deficiência em selênio e entre eles podemos destacar:
●
Indivíduos submetidos à nutrição parenteral total, sem suplementação com selênio
por um período superior a 20 ou 30 dias;
●
Enfermos de doenças crônicas não transmissíveis;
●
Enfermos do trato gastrointestinal;
●
Fumantes;
●
Idosos;
●
Gestantes e Lactantes;
●
Crianças de 2 a 10 anos e adolescentes do sexo feminino;
●
Populações que habitam áreas com solo pobre em selênio;
●
Populações que habitam áreas antropogênicas ou naturalmente contaminadas por
mercúrio.
A sua carência pode levar a um baixo
nível plasmático de triiodotironina (T3) e pode também causar a doença de Keshan,
uma forma de miocardiopatia que afeta principalmente mulheres e crianças. Causa
também a doença de Kashin-Beck, que é comum em crianças que estão entrando na
adolescência. Essa doença possui um componente viral, sendo que o vírus
desenvolve-se na ausência de selênio. A enfermidade inicialmente envolve
inchaço e dor nas articulações dos dedos das mãos, seguidos de osteoartrite
generalizada (cotovelos, joelhos e tornozelos).
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Cominetti, C;
Cozzolino, SMF. Selênio.
São Paulo: ILSI Brasil-International Life Sciences
Institute do Brasil, 2009.
Gonzaga, IB;
Martens, A; Cozzolino, SMF. Selênio. In: Cozzolino, SMF. Biodisponibilidade de
Nutrientes. 1 ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2005.
Martins,
BT; Basílio, MC; Silva, MA. Nutrição aplicada e alimentação saudável. 1. ed.
São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2014.
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