Hoje no Brasil são mais de 12 milhões
de pessoas convivendo com a doença. Segundo o Centers for Disease Control and
Prevention dos Estados Unidos, 2 em cada 5 americanos vai desenvolver diabetes
no decorrer de suas vidas. Como compartilhamos cada vez mais diversos aspectos
culturais com aquela população, é esperado que tenhamos cada vez mais pessoas
diabéticas aqui no Brasil também.
Entre as recomendações formais para a
prevenção do diabetes estão a prática de uma alimentação saudável, controle do
peso e atividades físicas regulares. Diversas pesquisas na área de Nutrição vêm
sendo realizadas e o consumo regular de alguns alimentos parece contribuir para
a prevenção da doença. É claro que nenhum alimento é milagroso, mas a inclusão
de alguns nutrientes e bioativos à rotina alimentar – sendo essa associada a um
estilo de vida saudável – parece promover importantes benefícios. Vamos
conhecê-los?
Mirtilos e uvas
Um estudo publicado na revista BMJ em
2013 compilou dados de 3 coortes totalizando mais de 187 mil pessoas que foram
seguidas por até 24 anos. Neste estudo o consumo de 3 porções de mirtilo por
semana reduziu o risco de diabetes em 26 por cento. Já o consumo de uvas
reduziu o risco em 12 por cento. Outras frutas que também se mostraram
protetoras foram maçãs e bananas. Detalhe: o efeito protetor vale apenas para o
consumo das frutas inteiras. O consumo de suco teve efeito contrário! Isto é,
aumentou o risco de diabetes.
Oleaginosas
Castanhas, nozes, amêndoas, macadâmias,
avelãs e pistaches são ricos em gorduras insaturadas, proteínas de alto valor
biológico, fibras, vitaminas e minerais (potássio, cálcio, magnésio e selênio),
além de fitoquímicos (flavonoides, carotenoides e fitosterois). Estes
nutrientes têm efeitos protetores do coração, antioxidantes, anticancerígenos e
anti-inflamatórios, explicando por que são capazes de reduzir mortalidade. O
consumo regular de oleaginosas também tem efeitos metabólicos importantes como
melhora do controle da glicemia (açúcar no sangue), redução do LDL (colesterol
ruim) e triglicerídeos, aumento do HDL (colesterol bom), redução da pressão
arterial e auxílio em manter o peso ideal, reduzindo o risco de obesidade. Além
disso, quem consome oleaginosas acaba deixando de consumir carboidratos, o que
é benéfico até mesmo para quem já convive com o diabetes.
Café
Apesar dos dados ainda não serem
definitivos, diversos estudos associam o consumo do café preto a menor risco de
diabetes. Um desses estudos calculou que aumentar o consumo em 1 xícara e meia
por dia já é capaz de oferecer redução no risco de diabetes de 11% em 4 anos.
Chocolate amargo
Chocolates com altas concentrações de
cacau são ricos em polifenois. Estas substâncias antioxidantes são responsáveis
por benefícios como redução no risco de doenças cardiovasculares, além de ter
efeitos metabólicos semelhantes aos das oleaginosas. No entanto, as versões ao
leite e branco, por terem alto teor de açúcar e gordura adicionada, não são
recomendadas e podem ser até deletérias.
Iogurte desnatado
Ao contrário do que algumas mídias
propagam, derivados lácteos magros, especialmente o iogurte desnatado se
associam a menor risco de diabetes. No estudo EPIC-Norfolk, o consumo de
iogurte desnatado nos lanches reduziu o risco de diabetes em 47%. Outros
estudos mostram que derivados lácteos desnatados fermentados, como o iogurte
desnatado, melhoram a função da insulina, explicando o mecanismo de prevenção
do diabetes.
Azeite de oliva
Um dos poucos alimentos rigorosamente
avaliados dentro de pesquisa de alta qualidade metodológica, no estudo
PREDIMED, o consumo regular de 50mL por dia de azeite de oliva se mostrou
efetivo não só na redução no risco de diabetes como na redução de doenças
cardiovasculares (risco cerca de 30% menor para ambos os desfechos).
Contudo, vale lembrar que mudanças nos
hábitos alimentares devem sempre ser realizadas sob supervisão de profissional
qualificado, seja médico ou nutricionista, após apropriada avaliação clínica.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
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Disponível em: www.diabetes.org.br
Acessado em: 28/03/2016.
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