O Trauma
consiste em lesão de extensão, intensidade e gravidade variáveis, que pode ser
produzida por agentes diversos (físico, químicos, elétricos), de forma
acidental ou intencional, capaz de produzir perturbações locais ou sistêmicas.
Segundo o Ministério da Saúde,
ocorreram 127.633 óbitos por traumas no Brasil em 2005, representando 12,67% do
total de óbitos. Trauma foi a principal causa de morte entre um e 39 anos de
idade; morreram 58.969 adultos entre 20 e 39 anos. Em Dezembro de 2007, houve
76.583 internações por traumas no país. Somam-se aqueles os que sofreram lesões
temporárias ou permanentes.
Trauma nos países ocidentais é a
terceira causa de morte, depois de doenças cardiovasculares e cânceres, sendo
naqueles abaixo de 45 anos de idade, a primeira causa de morte. Acontece
principalmente a população economicamente ativa, com consequências sociais de
elevado custo. No caso de sobrevivência após trauma, podem estar associadas
sequelas definitivas e irreversíveis, com consequências nefastas no plano
humano e econômico, para o paciente e familiares.
O trauma é responsável por um
percentual significante de internações, cirurgias e ocupações de leito nas
UTIs, sendo que, nos primeiros quarenta anos de vida, aponta em primeiro lugar
nas causas de mortalidade. Outro agravante a ser analisado é o alto índice de
jovens envolvidos em acidentes, o que torna o trauma, além de um problema de
saúde, um transtorno socioeconômico para o país.
Em casos de trauma, a desnutrição se
instala de forma rápida e progressiva. As consequências dessas alterações são
retratadas constantemente em diversos estudos clínicos. Dentre essas
consequências, é possível destacar a maior morbidade, o tempo de hospitalização
e a mortalidade em pacientes com associação de desnutrição e trauma.
O atendimento ao paciente
politraumatizado deve seguir uma abordagem multidisciplinar pela possibilidade
de múltiplas lesões associadas.
NECESSIDADES CALÓRICAS E PROTEICAS
A triagem nutricional e a
avaliação nutricional são de suma importância para a boa evolução do quadro
clínico, pois estes evidenciam os pacientes que estão desnutridos ou em risco
de desnutrição que necessitam de um fornecimento adequado de nutrientes e
calorias.
Quadro 1.
Cálculo das necessidades de calorias no atendimento inicial de acordo com a
situação clínica.
Situação
clínica
|
Necessidades
calóricas estimadas kcal/kg/dia
|
Necessidade
proteica estimada g/kg/dia
|
Trauma
moderado (ISS > 16 < 20)
|
25
|
1,2 – 1,5
|
Trauma
grave (ISS* > 20)
|
20 - 25
|
1,5 – 2,0
|
Trauma
cranioencefálico grave (Glasgow* < 8):
Sem paralisia
Com Paralisia
|
30
25
|
1,2 –
2,0
1,2 –
2,0
|
Trauma
raquimedular com paraplegia
|
20 – 22
|
1,2 – 1,5
|
Grande
queimado
|
25
|
2
|
ISS: Injury Severity Score
Glasgow: Avaliação do nível de consciência
Adaptada de Sociedade Brasileira de Nutrição
Parenteral e Enteral
O fornecimento de nutrientes e
calorias pode ser estimado pela equação de Harris-Benedict e calorimetria
indireta, entretanto a equação de Harris-Benedict possui algumas ressalvas.
Esta equação foi publicada há aproximadamente 87 anos e foi desenvolvida para
indivíduos saudáveis e, portanto, quando adicionada aos fatores de atividade e
agressão, superestima perigosamente as necessidades do paciente catabólico.
Em alguns casos é necessária a
suplementação proteica para atingir as necessidades previamente estabelecidas e
favorecer a recuperação do indivíduo.
CONCLUSÃO
A avaliação nutricional para
os pacientes politraumatizados deve ser minuciosa e individualizada de acordo
com as características do trauma. As necessidades nutricionais destes pacientes
devem ser estipuladas para melhor aporte principalmente calórico e proteico,
favorecendo assim a recuperação e reduzindo o risco de complicações associadas
ao quadro clínico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- VIEIRA, C.A.S.; MAFRA, A.A.. et al / Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Protocolo Clínico sore Trauma. Belo Horizonte 2011.
- Programa Oficial de Educação Médica Continuada da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral. Terapia Nutricional no Trauma.
- RABELO, N.N.; CAIRUS, C.; TALLO, F.S.; LOPES, R.D. Conduta nutricional no trauma para o clínico. Rev Bras Clin Med. São Paulo, 2012 mar/abr;10(2):116-21.
Texto
elaborado por: Lilian Miola Ishikawa
Nutricionista formada pelo Centro Universitário São Camilo;
Especialista em Terapia Nutricional pelo Grupo de Apoio a Nutrição
Enteral e Parenteral (GANEP);
Especialista em Nutrição nas doenças crônicas não transmissíveis pelo Instituto
de Ensino e Pesquisa Albert Einstein;
Educadora em Diabetes pelo Hospital Israelita Albert Einstein;
Atuante em nutrição clínica hospitalar.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
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