terça-feira, 12 de julho de 2016

Sobrepeso e Obesidade




Em todo o mundo, a ingestão de gorduras totais, produtos animais e açúcar têm aumentado, enquanto se observa um rápido e importante declínio na ingestão de cereais, frutas e hortaliças. Estas mudanças estão intimamente relacionadas ao fenômeno de globalização e acesso aos alimentos modernos altamente processados, os quais são facilmente transportados entre as regiões.

Soma-se ao problema da qualidade do padrão alimentar a questão da quantidade ou consumo energético, que tem se mostrado superior às necessidades nutricionais individuais. Nos Estados Unidos, por exemplo, é visível o crescimento progressivo das porções alimentares ao longo das últimas décadas. Para análise dos fatores nutricionais intrinsecamente associados à epidemia da obesidade, é preciso considerar, portanto, as mudanças ocorridas em termos de padrão alimentar, inseridas no contexto da vida moderna.

É possível identificar o excesso de peso baseando-se no índice de massa corporal (IMC). O cálculo é feito dividindo o peso (em quilogramas) pela altura (em metros) ao quadrado. Esta fórmula possibilita diagnosticar se uma pessoa tem um peso normal (IMC de 18,5 a 24,9), se está com sobrepeso ou excesso de peso (IMC de 25 a 30) ou ainda, se está obesa (IMC superior a 30). A gravidade da obesidade é dividida em grau I (moderado excesso de peso) quando o IMC situa-se entre 30 e 34,9; grau II (obesidade leve ou moderada) com IMC entre 35 e 39,9 e, por fim, grau III (obesidade mórbida) na qual IMC ultrapassa 40.

A obesidade é causa de incapacidade funcional, de redução da qualidade de vida, redução da expectativa de vida e aumento da mortalidade. Condições crônicas, como doença renal, osteoartrose, câncer, diabetes tipo 2, apneia do sono, doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), hipertensão arterial e, mais importante, doenças cardiovasculares, estão diretamente relacionadas com incapacidade funcional e com a obesidade.

Ao contrário do que pensam as pessoas com sobrepeso ou obesidade que geralmente procuram uma fórmula mágica para emagrecer – pois quase sempre tem pressa – a obesidade é uma doença crônica, ou seja, deve ser tratada por toda a vida.

O tratamento da obesidade envolve mudança de estilo de vida. E para isso, precisamos de tempo, ou seja, as pessoas que precisam emagrecer devem seguir não uma dieta restritiva e sim fazer uma reeducação alimentar, corrigindo os hábitos alimentares errados, um dos fatores responsáveis pelo aumento de peso. Novos hábitos são adquiridos com prática no dia-a-dia. É preciso também praticar exercícios físicos regularmente e procurar ser mais ativo no dia-a-dia. Dormir bem é fundamental.

A reeducação alimentar é uma alimentação que contém todos os grupos de alimentos considerados “saudáveis” e também os “não saudáveis”. No dia-a-dia, consumir frutas, verduras, legumes, grãos integrais, castanhas, carnes magras, leites e derivados magros. Doces, frituras e guloseimas também podem fazer parte desta alimentação, desde que consumidos com moderação.

Recomendação Para Manutenção do Balanço Energético e do Peso Saudável

Diminuir a densidade energética dos alimentos: Alimentos de alta densidade energética promovem ganho de peso. Esses alimentos, ricos em gorduras ou carboidratos simples, são, em geral, altamente processados e pobres em micronutrientes. Já os alimentos de baixa densidade energética são aqueles que possuem maior teor de água em sua composição, como frutas, legumes e verduras. Em geral, são alimentos ricos em micronutrientes.

            Postula-se que alimentos com elevada densidade energética, altamente palatáveis, promoveriam um “superconsumo passivo” de energia total. Fast foods, por exemplo, podem interferir no controle do apetite, favorecendo a ingestão energética e o desenvolvimento de obesidade.

Aumentar o consumo de fibras: As fibras atuam na regulação do peso corporal porque são menos palatáveis e interferem na digestão de outros carboidratos, e também porque afetam a homeostase da glicose hepática. São alimentos de baixo valor energético e dão volume à alimentação consumida, podendo aumentar a sensação de saciedade após as refeições. Como as pessoas tendem a diminuir quantidades mais ou menos fixas de alimentos, uma grande quantidade de alimentos de baixo valor energético pode colaborar para evitar a ingestão energética excessiva. Apesar de não se saber o valor mínimo de fibras para a prevenção da obesidade, é provável que o consumo das quantidades recomendadas de frutas, grãos, verduras e legumes garantam uma ingestão suficiente de fibras. 

Promover ingestão de frutas e vegetais: O aumento da ingestão de frutas, legumes e verduras reduz a densidade de alimento que pode ser consumido para um determinado nível de energia. A redução da densidade energética aumenta a saciedade, um efeito que se manifesta após o término da refeição. Esses efeitos podem ajustar o balanço energético e o controle do peso. Outro aspecto potencialmente benéfico no aumento da ingestão de frutas, legumes e verduras é que o seu consumo à vontade pode amenizar a sensação de fome, típica de dietas de emagrecimento e de manutenção de peso. Alimentos com baixo índice glicêmico podem aumentar a saciedade, porém, mesmo entre esses grupos de alimentos e entre as leguminosas existem variações no índice glicêmico (por exemplo, batata, mandioca e banana tem alto índice glicêmico, enquanto maçã, cenoura e feijão têm baixo índice). Em função disso, os efeitos de consumo destes alimentos, no que diz respeito à manutenção de peso adequado, ainda requerem mais estudos, mas há consenso sobre benefícios dessa recomendação para a saúde das pessoas, de maneira geral.

Restringir o consumo de bebidas açucaradas: O consumo frequente de refrigerantes tem sido associado ao ganho de peso. Uma explicação é que os efeitos fisiológicos da ingestão de energia sobre a saciedade são diferentes para líquidos e para alimentos sólidos.

Restringir alimentos com alto índice glicêmico: O índice glicêmico é uma forma de classificar alimentos de acordo com a resposta glicêmica que produzem. Alimentos de alto índice glicêmico são rapidamente digeridos e absorvidos, com maior efeito na glicemia, e têm sido apontados como possível cofator da obesidade. A hipótese é que níveis diferentes de glicemia provocariam diferentes respostas hormonais na regulação do apetite.

Considerar outros hábitos alimentares, como tamanho das porções, refeições fora de casa, consumo de álcool e omissão de refeições: Há evidência de que o aumento do tamanho das porções alimentares está relacionado ao ganho de peso. A teoria que explica essa evidência é que o organismo seria incapaz de estimar corretamente o tamanho da porção ingerida, o que dificultaria a compensação energética. O hábito de fazer refeições fora de casa também contribui para o aumento da ingestão energética. Tradicionalmente, essas refeições são maiores, com maior densidade energética e maior conteúdo de gordura total e saturada, colesterol e sódio. Omitir refeições tem sido apontado como fator de risco para obesidade, pois certos estudos mostram que a maior frequência das refeições relaciona-se à tendência de menor ganho de peso; entretanto, aumentar a frequência das refeições, por si só, não é suficiente para a redução do ganho de peso, já que os lanches podem ter alta densidade energética.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Beyruti, M; Bressan, R. Obesidade se previne com dieta? Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica – ABESO.

Carvalho, KMB; Dutra, ES; Araújo, MSM. Obesidade e Síndrome Metabólica. In: Cuppari, L. Nutrição: nas doenças crônicas não-transmissíveis. 1 ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2009.

Dia Nacional de Prevenção da Obesidade. Ministério da Saúde. Disponível em: www.blog.saude.gov.br Acessado em: 22/06/2016.

Melo, ME. Doenças Desencadeadas ou Agravadas pela Obesidade. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica – ABESO.


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