Em
todo o mundo, a ingestão de gorduras totais, produtos animais e açúcar têm
aumentado, enquanto se observa um rápido e importante declínio na ingestão de
cereais, frutas e hortaliças. Estas mudanças estão intimamente relacionadas ao
fenômeno de globalização e acesso aos alimentos modernos altamente processados,
os quais são facilmente transportados entre as regiões.
Soma-se
ao problema da qualidade do padrão alimentar a questão da quantidade ou consumo
energético, que tem se mostrado superior às necessidades nutricionais
individuais. Nos Estados Unidos, por exemplo, é visível o crescimento
progressivo das porções alimentares ao longo das últimas décadas. Para análise
dos fatores nutricionais intrinsecamente associados à epidemia da obesidade, é
preciso considerar, portanto, as mudanças ocorridas em termos de padrão
alimentar, inseridas no contexto da vida moderna.
É
possível identificar o excesso de peso baseando-se no índice de massa corporal
(IMC). O cálculo é feito dividindo o peso (em quilogramas) pela altura (em
metros) ao quadrado. Esta fórmula possibilita diagnosticar se uma pessoa tem um
peso normal (IMC de 18,5 a 24,9), se está com sobrepeso ou excesso de peso (IMC
de 25 a 30) ou ainda, se está obesa (IMC superior a 30). A gravidade da
obesidade é dividida em grau I (moderado excesso de peso) quando o IMC situa-se
entre 30 e 34,9; grau II (obesidade leve ou moderada) com IMC entre 35 e 39,9
e, por fim, grau III (obesidade mórbida) na qual IMC ultrapassa 40.
A
obesidade é causa de incapacidade funcional, de redução da qualidade de vida,
redução da expectativa de vida e aumento da mortalidade. Condições crônicas,
como doença renal, osteoartrose, câncer, diabetes tipo 2, apneia do sono,
doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), hipertensão arterial e, mais
importante, doenças cardiovasculares, estão diretamente relacionadas com
incapacidade funcional e com a obesidade.
Ao
contrário do que pensam as pessoas com sobrepeso ou obesidade que geralmente
procuram uma fórmula mágica para emagrecer – pois quase sempre tem pressa – a
obesidade é uma doença crônica, ou seja, deve ser tratada por toda a vida.
O
tratamento da obesidade envolve mudança de estilo de vida. E para isso,
precisamos de tempo, ou seja, as pessoas que precisam emagrecer devem seguir
não uma dieta restritiva e sim fazer uma reeducação alimentar, corrigindo os
hábitos alimentares errados, um dos fatores responsáveis pelo aumento de peso.
Novos hábitos são adquiridos com prática no dia-a-dia. É preciso também
praticar exercícios físicos regularmente e procurar ser mais ativo no
dia-a-dia. Dormir bem é fundamental.
A
reeducação alimentar é uma alimentação que contém todos os grupos de alimentos
considerados “saudáveis” e também os “não saudáveis”. No dia-a-dia, consumir
frutas, verduras, legumes, grãos integrais, castanhas, carnes magras, leites e
derivados magros. Doces, frituras e guloseimas também podem fazer parte desta
alimentação, desde que consumidos com moderação.
Recomendação Para Manutenção
do Balanço Energético e do Peso Saudável
● Diminuir
a densidade energética dos alimentos: Alimentos de alta densidade energética promovem ganho de
peso. Esses alimentos, ricos em gorduras ou carboidratos simples, são, em
geral, altamente processados e pobres em micronutrientes. Já os alimentos de
baixa densidade energética são aqueles que possuem maior teor de água em sua
composição, como frutas, legumes e verduras. Em geral, são alimentos ricos em
micronutrientes.
Postula-se que alimentos com elevada
densidade energética, altamente palatáveis, promoveriam um “superconsumo
passivo” de energia total. Fast foods,
por exemplo, podem interferir no controle do apetite, favorecendo a ingestão
energética e o desenvolvimento de obesidade.
● Aumentar
o consumo de fibras: As fibras atuam na regulação do peso corporal
porque são menos palatáveis e interferem na digestão de outros carboidratos, e
também porque afetam a homeostase da glicose hepática. São alimentos de baixo
valor energético e dão volume à alimentação consumida, podendo aumentar a
sensação de saciedade após as refeições. Como as pessoas tendem a diminuir
quantidades mais ou menos fixas de alimentos, uma grande quantidade de
alimentos de baixo valor energético pode colaborar para evitar a ingestão
energética excessiva. Apesar de não se saber o valor mínimo de fibras para a
prevenção da obesidade, é provável que o consumo das quantidades recomendadas
de frutas, grãos, verduras e legumes garantam uma ingestão suficiente de
fibras.
● Promover
ingestão de frutas e vegetais: O aumento da ingestão de frutas,
legumes e verduras reduz a densidade de alimento que pode ser consumido para um
determinado nível de energia. A redução da densidade energética aumenta a
saciedade, um efeito que se manifesta após o término da refeição. Esses efeitos
podem ajustar o balanço energético e o controle do peso. Outro aspecto
potencialmente benéfico no aumento da ingestão de frutas, legumes e verduras é
que o seu consumo à vontade pode amenizar a sensação de fome, típica de dietas
de emagrecimento e de manutenção de peso. Alimentos com baixo índice glicêmico
podem aumentar a saciedade, porém, mesmo entre esses grupos de alimentos e
entre as leguminosas existem variações no índice glicêmico (por exemplo,
batata, mandioca e banana tem alto índice glicêmico, enquanto maçã, cenoura e
feijão têm baixo índice). Em função disso, os efeitos de consumo destes
alimentos, no que diz respeito à manutenção de peso adequado, ainda requerem
mais estudos, mas há consenso sobre benefícios dessa recomendação para a saúde
das pessoas, de maneira geral.
● Restringir
o consumo de bebidas açucaradas: O consumo frequente de
refrigerantes tem sido associado ao ganho de peso. Uma explicação é que os
efeitos fisiológicos da ingestão de energia sobre a saciedade são diferentes
para líquidos e para alimentos sólidos.
● Restringir
alimentos com alto índice glicêmico: O índice glicêmico é uma forma
de classificar alimentos de acordo com a resposta glicêmica que produzem.
Alimentos de alto índice glicêmico são rapidamente digeridos e absorvidos, com
maior efeito na glicemia, e têm sido apontados como possível cofator da
obesidade. A hipótese é que níveis diferentes de glicemia provocariam
diferentes respostas hormonais na regulação do apetite.
● Considerar outros hábitos alimentares,
como tamanho das porções, refeições fora de casa, consumo de álcool e omissão de
refeições: Há evidência de que o aumento do tamanho das porções
alimentares está relacionado ao ganho de peso. A teoria que explica essa
evidência é que o organismo seria incapaz de estimar corretamente o tamanho da
porção ingerida, o que dificultaria a compensação energética. O hábito de fazer
refeições fora de casa também contribui para o aumento da ingestão energética.
Tradicionalmente, essas refeições são maiores, com maior densidade energética e
maior conteúdo de gordura total e saturada, colesterol e sódio. Omitir
refeições tem sido apontado como fator de risco para obesidade, pois certos
estudos mostram que a maior frequência das refeições relaciona-se à tendência
de menor ganho de peso; entretanto, aumentar a frequência das refeições, por si
só, não é suficiente para a redução do ganho de peso, já que os lanches podem
ter alta densidade energética.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Beyruti,
M; Bressan, R. Obesidade se previne com dieta? Associação Brasileira para o
Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica – ABESO.
Carvalho,
KMB; Dutra, ES; Araújo, MSM. Obesidade e Síndrome Metabólica. In: Cuppari, L.
Nutrição: nas doenças crônicas não-transmissíveis. 1 ed. Barueri, São Paulo:
Manole, 2009.
Dia
Nacional de Prevenção da Obesidade. Ministério da Saúde. Disponível em: www.blog.saude.gov.br
Acessado em: 22/06/2016.
Melo,
ME. Doenças Desencadeadas ou Agravadas pela Obesidade. Associação Brasileira
para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica – ABESO.
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