A
constipação intestinal também conhecida popularmente como “prisão de ventre” é
um problema frequente na população. A constipação intestinal popularmente é
associada à frequência de evacuação, mas pode ser definida nas seguintes
situações:
●
Esforço para defecar em mais de 25% das evacuações;
●
Fezes endurecidas ou em sibilos em mais de 25% das evacuações;
●
Sensação de evacuação incompleta em mais de 25% das evacuações;
●
Sensação de obstrução/bloqueio fecal em mais de 25% das evacuações;
●
Realização de manobras para facilitar a evacuação em mais de 25% das
evacuações;
●
Menos de 3 evacuações por semana.
A
constipação pode ser classificada em funcional, quando não existe uma patologia
no intestino que justifique a constipação, ou orgânica, quando existe uma
patologia no intestino que justifique a constipação.
A
etiologia (origem) da constipação funcional está relacionada à dieta pobre em
fibras ou líquidos, falta de atividade física, uso de laxantes, estresse,
envelhecimento, gravidez e inibição do reflexo defecatório, não estando
associada a nenhum processo patológico instalado.
Já a
etiologia da constipação orgânica está relacionada a doenças endócrinas, como o
diabetes melito e o hipotireoidismo; doenças neurológicas, como o mal de
Parkinson; doenças vasculares do intestino; doenças intestinais, como colite;
doença celíaca; úlcera duodenal, câncer; distúrbios psicológicos, como a
depressão; ansiedade e uso de medicamentos, como os anti-hipertensivos. Ao
longo dos anos, a constipação pode levar a patologias como hemorroida e doença
diverticular.
É
prevalente entre as mulheres, 3 vezes mais comum do que em homens, sem que haja
explicação para isso. A população idosa também é mais suscetível, podendo estar
associado a menor ingestão alimentar, menor motilidade e prática de atividades
físicas, fraqueza nos músculos da região pélvica e abdominal, bem como o uso de
medicações como os antagonistas do cálcio de ação cardiovascular ou uso de
antiácidos contendo alumínio. É também mais comum em famílias de baixa renda e
baixo nível educacional.
Os
índices em crianças e adolescentes também vêm crescendo. Alguns estudos apontam
que os distúrbios intestinais são os mais frequentes e persistentes na
infância. Na grande maioria das crianças, cerca de 90 a 95% a origem da
constipação intestinal é funcional, iniciando-se no desmame. Em geral nesta
etapa da infância há a introdução de alimentos com baixo teor de fibras aliado
ao pequeno consumo de líquidos.
Quanto
aos adolescentes os maus hábitos alimentares aliados ao sedentarismo são as
principais razões para os sintomas de constipação, os quais persistem na vida
adulta e podem inclusive induzirem ao câncer de cólon.
O
tratamento para a constipação intestinal envolve a mudança de hábitos
alimentares e a realização de atividade física. O tratamento dietoterápico visa
restabelecer o trânsito intestinal e promover a educação nutricional, com uma
dieta rica em fibras alimentares e líquidos, principalmente na forma de água.
Papel da Alimentação na
Constipação
Um
dos primeiros estudos a respeito do papel das fibras na alimentação, realizado
em 1972, demonstrou que o maior consumo de fibras ocasiona um aumento do fluxo
intestinal, bem como, no volume das fezes. Isto porque, as fibras ao não serem
digeridas e nem absorvidas pelo organismo, aumentam a quantidade de resíduos no
intestino, e consequentemente o volume do bolo fecal; e como essas fibras têm a
capacidade de absorver água, as fezes ficam mais macias e a movimentação
intestinal fica facilitada.
Além
do efeito direto, fibras também exercem efeitos prebióticos, isto é, mantêm a
saúde do intestino através do bom funcionamento da flora intestinal. Através da
fermentação ocorrida no cólon (parte superior do intestino), as fibras
selecionam e promovem o crescimento das bactérias benéficas que habitam a
microbiota intestinal humana, em retorno as bactérias produzem metabólitos que
auxiliam o funcionamento intestinal.
Seguem algumas dicas:
Na medida certa: De
acordo com o National Cancer Institute,
dos Estados Unidos, a quantidade ideal de fibras fica entre 20 a 35g por dia,
ou o equivalente a até 2,5g a cada 100 calorias. Além disso, para equilibrar o
consumo e garantir os benefícios, deve-se prestar atenção a certas
peculiaridades das fibras:
● Existem dois tipos: As solúveis
absorvem mais água e atuam no controle do colesterol; as insolúveis são
eficazes para fazer o intestino funcionar. Frutas, vegetais, cereais e
leguminosas concentram mais as fibras solúveis. Já arroz, oleaginosas, pão e
biscoitos integrais são boas fontes de insolúveis.
Precisam de água para agir:
Como as fibras não são digeridas e nem absorvidas pelo organismo, elas aumentam
a quantidade de resíduos no intestino e precisam de mais água para tornar as
fezes macias e facilitar a movimentação intestinal. Portanto, se aumentar o
consumo de fibras, é imprescindível beber mais água.
São melhores cruas: O
cozimento de verduras e legumes, por exemplo, faz com que os alimentos percam
boa quantidade das fibras. Pelo mesmo motivo, o mais recomendado é ingerir os
vegetais com a casca.
Não têm efeito cumulativo: O
único modo de garantir a presença de fibras na dieta é consumi-las em todas as
refeições, todo santo dia.
Alimentos com maior
concentração de fibras:
½ xícara (chá) de feijão =
7,5g;
1 xícara (chá) de
couve-de-bruxelas = 6,5g;
1 xícara (chá) de berinjela
cozida = 6,2g;
1 manga = 6,0g;
½ xícara (chá) de
grão-de-bico cozido = 5,5g;
1 cenoura cozida = 5,5g;
1 xícara (chá) de abóbora
cozida = 5,5g;
1 laranja = 4,5g;
1 batata doce assada = 4,5g;
1 xícara (chá) de brócolis
cozido = 4,5g;
1 xícara (chá) de espinafre
= 4,2g;
1 espiga de milho verde =
4,0g;
1 xícara (chá) de morango =
4,0g;
1 xícara (chá) de arroz
integral cozido = 3,5g;
1 xícara (chá) de couve-flor
cozida = 3,5g;
1 beterraba cozida = 2,5g;
1 xícara (chá) de agrião
cozido = 2,5g;
1 fatia de pão de trigo
integral = 2,0g;
1 banana = 2,0g;
1 batata média = 1,5g
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Biazotto,
FO. Intestino preso: aprenda a lidar com essa casa de máquinas. Grupo de
Estudos em Alimentos Funcionais – GEAF, ESALQ/USP. Disponível em: www.grupoalimentosfuncionais.blogspot.com.br
Martins, BT; Basílio, MC; Silva,
MA. Nutrição aplicada e alimentação saudável. 1. ed. São Paulo: Editora Senac
São Paulo, 2014.
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