segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Cronobiologia x Doenças - Parte 1


A Cronobiologia é a ciência que estuda a organização temporal, sendo esta a capacidade de se orientar e se organizar no tempo para melhor realização de suas atividades, e envolve os ritmos circadianos dos seres vivos, também chamados de ritmos biológicos que variam em torno de 24 horas. Os ritmos biológicos podem ser de três tipos:
  • Ritmos circadianos, que compreende um período entre vinte e quatro horas, como por exemplo, o despertar e o adormecer, temperatura corporal e excreção de íons;
 
  • Ritmos ultradianos, período inferior a vinte e quatro horas, como ritmo de respiração, batimentos cardíacos e secreção de hormônios;
 
  • Ritmos infradianos, com período superior a vinte e oito horas, como a menstruação.
Nos dias de hoje, temos que ter grande flexibilidade em lidar com nossas tarefas e atividades sociais, familiares, econômicos na maior parte do tempo. Mas, será que essa adaptação ao cotidiano (muitas vezes, totalmente estressantes) está nos fazendo bem? Se tentarmos controlar nossa mente, aumentando ritmo de trabalho, de esforço, será que nosso corpo acompanha? Ou será que temos limites? E no caso de invertermos o dia pela noite? Como diversos trabalhadores, artistas, cantores? Como o nosso organismo reage? Será que pode originar doenças? 

O nosso relógio circadiano controla vários processos biológicos como ciclos de sono, atividade cardiovascular, sistema endócrino, a temperatura corporal, a atividade renal, fisiologia do trato gastrointestinal e metabolismo hepático. 

A luz é o sinal do tempo mais potente do Sistema Nervoso, influenciando vários fatores fisiológicos, como sono, despertar, processo de digestão, produção de hormônios, entre outras atividades. 

A alimentação faz parte do relógio biológico, ou seja, o nosso organismo é programado para ter horários de ingestão de alimentos, os quais ativam sequencialmente, as secreções para a digestão, absorção e excreção. Daí a importância em mantermos horários regulados das refeições, tornando nosso organismo mais “inteligente”, sendo importante para a manutenção de um desenvolvimento orgânico equilibrado e saudável. 

Cronobiologia e doenças

Chronodisruption é o termo em inglês utilizado para definir alterações relevantes na organização circadiana nos aspectos fisiológicos, endócrinos, metabólicos e comportamentais, uma vez que nosso relógio é sincronizado com o ciclo ambiental dia/noite pela influência da luz.

Geralmente, as pessoas se sentem em um estado de ansiedade, fraqueza e mau humor os quais afetam nossos comportamentos sociais e de trabalho. Mas o rompimento de nosso ritmo biológico tem consequências fisiológicas, além da sensação de desconforto e alteração de temperamento. Vários estudos mostram associação do trabalho noturno e/ou distúrbios do sono com a obesidade, aumento dos níveis de triglicérides e colesterol, obesidade abdominal, diabetes e doenças cardiovasculares, alteração da glicose e insulina, demonstrando a importância do sono na regulação metabólica.

Pessoas que trabalham em períodos noturnos, como cantores, profissionais da aviação, médicos e demais funcionários da área da saúde, guardas noturnos, etc, estão no grupo de alto risco em desenvolver.

Chronodisruption e suas consequências

A alimentação durante o período noturno causa alterações de motilidade intestinal, diminui pH gástrico (causando dificuldade de digestão, má absorção de nutrientes), diminui saciedade (levando o indivíduo a comer mais) e existe uma maior resistência à ação da insulina (que pode culminar no aumento da gordura abdominal), quando comparados com a ingestão alimentar no período diurno.

Mas, se você se enquadra no grupo de pessoas que andam trocando o dia pela noite estudando, indo na balada, assistindo TV até tarde, também podem sofrer com as consequências dessa desordem, com o passar do tempo. 

Por isso, saiba sobre o papel do Nutricionista em te ajudar com isso, e minimizar as consequências em prol de sua saúde.

Texto elaborado pela nutricionista: Dra. Christiane Bergamasco

Formada em Nutrição, há mais de 10 anos, com cursos de pós-graduação em Nutrição Clínica , Funcional e Fisiologia do Exercício. Autora de publicações científicas em livros e revistas, atuou em hospitais de primeira linha e também como professora universitária e consultora em programas de TV e revistas.

 As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Martins, T, Gomes, CRG. Cronobiologia dos indivíduos em situação de trabalho. Revista Saúde e Pesquisa, v.3, n.3, p.309-314, set/dez, 2010. 

Rotenberg, L., Marques, N., e Menna-Barreto, L. (2003). História e perspectivas da Cronobiologia. Em: N. Marques; L. Menna-Barreto. (Org.). Cronobiologia: princípios e aplicações (pp. 31-53). São Paulo: Edusp. 

Scheuerlein, A., e Gwinner, E. (2002). Is food availability a circannual zeitgeber in tropical birds? A field experiment on stonechats in tropical Africa. J. Biol. Rhythms, 17(2),171-180. 

Mota, DPN. A importância dos ritmos circadianos na Nutrição e Metabolismo. Tese de Monografia apresentado em 2010, Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação – Universidade do Porto, Portugal. 

Teixeira, TFS. Nutrição e Ciclo Circadiano: conceitos e perspectivas. Revista Brasileira de Nutrição Funcional, ano 12, edição 49, São Paulo, 2011.

Nenhum comentário: