terça-feira, 6 de outubro de 2020

Ossos Fortes em Climas Quentes

 

A osteoporose é caracterizada pela deterioração dos ossos e um risco aumentado de fraturas, principalmente no quadril. Osteoporose é uma doença multifatorial com diversas variáveis contribuindo para a sua ocorrência, como genética, baixo índice de massa corporal, hábitos alimentares, atividade física, uso de medicamentos, climatério e envelhecimento da população. Mais recentemente, a ação do clima sobre a saúde óssea foi incluída nesta lista.

 

Clima quente

 

Pesquisadores observaram que a exposição à temperatura ambiente acima de 34 °C aumenta a força dos ossos e reduz a perda de densidade óssea. Este fenômeno está ligado a uma mudança na composição da microbiota intestinal, estimulada pelo calor. Isto foi replicado transplantando a microbiota de camundongos que vivem em um ambiente quente para camundongos que sofrem de osteoporose. Após o transplante, os ossos ficaram mais fortes e densos.

 

Linha do equador e trópicos

 

Há uma clara correlação entre a latitude geográfica e as fraturas de quadril, o que significa que nos países mais frios a ocorrência é maior em comparação com os países mais quentes. Uma grande revisão sistemática mostrou que as maiores incidências de fratura de quadril, padronizadas por idade, foram observadas na Dinamarca, Noruega, Suécia, Áustria. As menores foram na Nigéria, África do Sul, Tunísia, Equador. Os países com alto risco de fratura estão na Europa, Federação Russa e Oriente Médio. Áreas de baixo risco de fratura incluem a América Latina, África e Arábia Saudita. Em geral, a alta incidência de fraturas de quadril foi detectada em países bem distantes da linha do equador, contrastando com uma menor ocorrência nos países tropicais.

 

Microbiota intestinal

 

O termo microbiota intestinal refere-se à população de micro-organismos, como bactérias, vírus e fungos, que habita todo o trato gastrointestinal. A conclusão é que os efeitos do calor favorecem a densidade óssea durante a idade adulta através de modificações da microbiota. Certamente há outros cofatores, como os níveis de vitamina D3 (maiores em países ensolarados), cálcio e magnésio. É interessante notar que a microbiota intestinal exerce importante papel na absorção de D3 e cálcio, e também atua na homeostase óssea.

 

Homocisteína

 

Além dos climas quentes, as pesquisas mostram uma correlação entre altos níveis de homocisteína e fraturas por osteoporose em pessoas com mais de 50 anos. As chances de fraturar um osso com níveis altos deste marcador duplicam em mulheres e quadruplicam em homens. Indivíduos com homocisteína alta apresentam uma densidade mineral reduzida e uma alteração na microarquitetura do osso, o que ocasiona uma fragilidade óssea aumentada.

 

Medicamentos

 

O uso prolongado de corticoides é a causa mais comum de osteoporose secundária. Estima-se que 30 a 50% dos pacientes em corticoterapia de longo prazo sofrerão fraturas. Medicamentos para azia, refluxo, gastrite e úlcera (omeprazol, pantoprazol e outros “prazois”) reduzem a absorção de cálcio no estômago e seu uso contínuo pode aumentar significativamente o risco de uma fratura relacionada à osteoporose. Outros medicamentos como diuréticos, glitazonas, ansiolíticos, sedativos, antipsicóticos e antidepressivos estão implicados em risco maior de fratura de quadril.

 

Nutrição 

 

Nutrição é um dos fatores mais importantes envolvidos na manutenção da boa saúde óssea, e a dieta mediterrânea, rica em vegetais, oleaginosas e pescados, é um bom exemplo de alimentação saudável. Cálcio, magnésio, vitaminas D3 e K2 são essenciais para ossos sadios. Outros fatores nutricionais também contribuem, como vitaminas do complexo B, que ajudam a reduzir os níveis de homocisteína. Há estudos mostrando a ação de ômega-3, polifenóis e carotenoides na densidade óssea.

 

Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki. 

 

Título de Especialista em Nutrologia –  Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;

 

Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;

 

Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.

 

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

 

 

Referências Bibliográficas:

                                                             

*Cell Metabolism 2020. Warmth Prevents Bone Loss Through the Gut Microbiota

 

*Osteoporosis International 2012. A systematic review of hip fracture incidence & probability of fracture worldwide.

 

*Nutrients 2015. B Vitamins, Homocysteine and Bone Health.

 

*Clinical Chemistry and Laboratory Medicine 2013. The role of homocysteine in bone remodeling.

 

*Z Rheumatologie 2014. Pharmacogenic osteoporosis beyond cortisone. Proton pump inhibitors, glitazones and diuretics.

 

*Nutrients 2020. Is a Healthy Diet Also Suitable for the Prevention of Fragility Fractures?

 

 

Nenhum comentário: