domingo, 22 de novembro de 2015

Dietas Hospitalares



      As dietas são elaboradas com o objetivo de atender às necessidades nutricionais, considerando-se o estado nutricional e fisiológico das pessoas e, em situações hospitalares, deve estar adequada ao estado clínico do paciente, além de proporcionar melhoria na sua qualidade de vida.

    As dietas de rotina compreendem as dietas nutricionalmente equilibradas que possibilitam a manutenção da saúde, sendo prescritas para aqueles que não necessitam de restrições ou modificações em sua composição. Podem sofrer modificações quanto à consistência, possibilitando melhor adaptação em períodos de maior dificuldade na aceitação alimentar ou em fases de transição relativamente curtas, adaptando-se a dieta às condições do indivíduo, como, por exemplo, nos períodos pós-operatórios.

Dieta Geral: destinada a indivíduos que não necessitam de modificações em nutrientes e na consistência. Portanto, a dieta geral é a que inclui a maior gama de alimentos, ou seja, todos que são indicados em uma alimentação saudável.

Consistência: Normal

Fracionamento: 5 a 6 refeições (desjejum, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche noturno).

Dieta Branda: é uma dieta de transição para a dieta Geral, indicada para pacientes com problemas mecânicos na ingestão e/ou digestão dos alimentos, em situações pós-operatórias (fase de transição para a dieta geral), ou durante a recuperação após procedimentos invasivos (cateterismo ou angioplastia). Apresenta consistência mais macia, com fibras alimentares abrandadas pela cocção, o que facilita a digestão e evita traumas mecânicos.

Consistência: tecido conectivo e celular abrandado por cocção ou ação mecânica.

Fracionamento: 5 a 6 refeições (desjejum, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche noturno).

Alimentos que devem ser evitados: especiarias e condimentos fortes como pimenta, pimenta do reino e outros; frituras.

Dieta Pastosa: é indicada para pacientes que apresentam disfagias, dificuldades de mastigação e/ou alterações gastrintestinais, pacientes em pós-operatório ou em situações clínicas especiais. Nessa dieta, a consistência de todas as preparações e alimentos é pastosa ou cremosa firme, com a programação de alimentos moídos, liquificados e em forma de purê.

Consistência: pastosa (alimentos sólidos, porém amaciados ou moídos, sob a forma de purês ou mingaus).

Fracionamento: 5 a 6 refeições (desjejum, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche noturno).

Dieta Leve: destina-se a pacientes em situação pré ou pós-operatória (fase de transição), em situações cuja função gastrintestinal esteja alterada, para preparo de alguns exames, ou quando existe dificuldade de mastigação e/ou deglutição.

Consistência: Semilíquida a pastosa (alimentos bem macios, como bolachas, sopas, purês e papas).

Fracionamento: 5 a 6 refeições (desjejum, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche noturno).

Dieta Líquida: é indicada para pacientes que apresentam alterações na mastigação, quando há restrição da função digestiva, problemas mecânicos no trato digestivo, extração dentária, preparo de exames e no pré e pós-operatórios.

Consistência: Líquida, baixo teor calórico e fácil absorção (alimentos são submetidos à cocção, liquidificados e peneirados).

Fracionamento: 5 a 6 refeições (desjejum, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche noturno). 



            As dietas especiais são aquelas planejadas especificamente para alguma patologia e que sofrem modificações nas proporções entre os macronutrientes (ex. hipogordurosa, hipocalórica, hipoproteica) e/ou no teor de outros componentes (ex. hipocolesterolêmica, hipocalêmica, hipopurínica).

Hipossódica: é indicada para o tratamento de pacientes que necessitam controlar o consumo de sódio devido à hipertensão (arterial ou pulmonar), ou insuficiência cardíaca, renal, hepática, edema ou outras patologias onde esta restrição seria necessária.

            A dieta é restrita em sódio, cujas fontes são o sal de cozinha (cloreto de sódio), utilizado em preparações e alimentos que contenham sódio em sua composição intrínseca e/ou adicionados de compostos à base de sódio, como os conservantes utilizados na indústria de alimentos embutidos ou enlatados.

            As preparações são produzidas no mesmo padrão da dieta geral, porém sem adição de sal. É entregue ao paciente um sache contendo 1g de sal nas grandes refeições (almoço e jantar).

Hipogordurosas: são restritas em gorduras de adição, como óleo e azeite, e alimentos gordurosos, como manteiga e embutidos. Conforme o estado clínico do paciente, é indicado o consumo de alimentos desnatados, como iogurtes e leite. É indicada para pacientes com distúrbios pancreáticos, hepáticos, as vesícula biliar e pacientes com alterações no perfil lipídico; este último também em alguns casos associados à medicação.

Hipoproteica: a quantidade de proteína é diminuída por meio da restrição dos alimentos fontes de proteína vegetal e animal, como leguminosas, carnes, leite e substitutos e ovos. São indicadas principalmente para portadores de doenças renais e gota.

Hipocalêmica (pobre em potássio): é indicada para pacientes com doença renal ou alguma alteração nos níveis de potássio. A dieta apresenta restrição deste nutriente, e é constituída de alimentos cozidos, incluindo frutas, sucos e legumes.

Diabetes Mellitus: é indicada para pacientes diabéticos e para dietas hipocalóricas. Visa manter o nível de glicemia estável. Às vezes o paciente não é diabético, mas dependendo do estresse metabólico, estes níveis alteram, e muitas vezes já é padrão da UTI fazer o controle glicêmico através da glicemia capilar (dextro) para avaliar a necessidade do uso de insulinoterapia.

Dieta Laxativa: indicada para pacientes com dificuldade de evacuar. Esta dieta é necessária, pois há um aumento da ingestão de fibras o que colabora para o fluxo intestinal, juntamente com ingestão de líquidos. Pode-se incluir um suco laxativo composto por mamão, ameixa seca e suco de laranja.

Dieta obstipante ou sem resíduos: indicada para pacientes com quadro de diarreia (três ou mais episódios de fezes líquidas, ou seja, para um controle do peristaltismo. Neste caso restringe-se o aporte de fibras, ofertando adoçante em substituição ao açúcar para minimizar as flatulências, substitui-se o leite por chá, evita-se servir saladas cruas e grãos.

Dieta sem xantinas: prescrita para pacientes que realizarão exames, como: cintilografia, MIBI e não podem consumir alimentos fontes de cafeína: café, chá, chocolate, refrigerante a base de cola. Nestes casos esses alimentos são substituídos por sucos ou leite puro.

Dieta sem crus: indicada para pacientes que realizaram transplantes e devido à baixa imunidade não podem consumir alimentos crus, que possam sinalizar alguma evidência de contaminação, o que prejudicaria o processo de aceitação de órgão transplantado. Por isso, todos os alimentos são cozidos, ou alimentos esterilizados ou pasteurizados.

Dieta com restrição hídrica: destina-se a pacientes que necessitam de ingestão controlada de líquidos. Restringem-se líquidos de modo geral e preparações com alto teor de umidade. A distribuição do volume dos alimentos líquidos se dá de acordo com a aceitação do paciente. Considera-se o teor médio de umidade das frutas para incluí-las nas dietas conforme a aceitação e restrição hídrica individuais.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.


Referências Bibliográficas:

Caruso, L; Simony, RF; Silva, ALND. Dietas hospitalares: uma abordagem na prática clínica. 1. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2004.

Isosaki, M; Cardoso, E. Manual de Dietoterapia e Avaliação Nutricional do serviço de nutrição e dietética do Instituto do Coração – HCFMUSP. 1 ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2004: p.101-169.

Martins, BT; Basílio, MC; Silva, MA. Nutrição aplicada e alimentação saudável. 1. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2014.

Santos, MJ; Kovacs, C; Plata, RG; Campos, CRL; Cury, FB; Magnoni, D. Nutrição em Cardiologia. In: Souza, AGMR; Magnoni, D; Kovacs, C; Santos, MJ. Ciências da Saúde no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia: Volume Nutrição. 1. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2013.





Um comentário:

Murilo Gagliardi disse...

Gostei bastante de todas as informações sobre as dietas hospitalares que vocês abordaram. Parabéns!