De
um lado a Doença de Alzheimer (DA), a qual se caracteriza como uma enfermidade neurodegenerativa
progressiva que causa perda da memória e altera funções intelectuais
superiores, levando, no curso de sua evolução, a uma situação de incapacidade e
total dependência. Sendo uma das formas mais comuns de demência entre os
idosos.
De outro lado a Resistência
Insulínica (RI), a qual pode surgir como consequência da obesidade, acúmulo de
gordura visceral e síndrome dos ovários policísticos e induz um estado de RI no
tecido adiposo, fígado e músculo. Ela resulta de uma combinação das funções
alteradas de células-alvo ou receptores de insulina e no acúmulo de macrófagos
que segregam mediadores pró-inflamatórios. A RI é um forte fator de risco para
o desenvolvimento de Diabetes Mellitus Tipo 2.
Provas convergentes sugerem que a DA
envolve comprometimento na sinalização de insulina. Estudos tem demonstrado que
pacientes com DA e indivíduos em situação de risco para DA exibem o metabolismo
da glicose reduzido.
Estudo de Willet e colaboradores,
publicado em 2015, indicou resultados maiores de HOMA-IR e foram associados com
menor metabolismo global de glicose e menor metabolismo da glicose regional em
toda grande parte do lobo frontal, parietal lateral, temporal, lateral, medial
e lobos temporais. Esta associação foi mais acentuada no lobo temporal esquerdo
e está relacionada com a pior performance da memória imediata e memória remota.
Portanto, este estudo mostrou que a
RI, uma condição prevalente e cada vez mais comum em países desenvolvidos e em
desenvolvimento, está associada com menor metabolismo da glicose cerebral
regional, que por sua vez pode prever pior desempenho da memória. E segundo os
autores a meia idade pode ser um período crítico para iniciar os tratamentos
para reduzir a resistência periférica à insulina e estabilizar o metabolismo
neuronal e função cognitiva.
Se a DA é consequência de uma RI ou
se a DA causa RI cerebral, não se tem certeza ainda, mas pesquisas recentes tem
demonstrado haver mecanismos gênicos envolvidos.
Em uma pesquisa publicada de Shize e
colaboradores na revista Experimental and
Therapeutic Medicine, em que foi investigada a expressão BACE1-Local da
enzima 1 de clivagem da proteína precursora de β amiloide no tecido do
hipocampo de um rato modelo de RI, e, assim, exploradas as funções do BACE1 e
RI na patogênese da DA. Um total de 36 ratos Sprague-Dawley machos foram divididos ao acaso em três grupos.
Estes eram um grupo resistente à insulina (experimental), um grupo controle com
dieta hiperlipídica e um grupo de controle em branco.
Uma das alterações patológicas da DA
é o aparecimento de placas senis, devido ao acúmulo de β amiloide no cérebro.
Os ratos do grupo experimental (com
RI) tiveram perda de memória e aprendizagem evidente, com a diminuição
significativa da memória de aprendizagem. No entanto, não houve nenhuma
característica patológica da doença de Alzheimer como as placas senis.
Mas a expressão de BACE1 no tecido
cerebral dos ratos do grupo experimental foi significativamente mais elevada do
que nos grupos controles. Os autores concluíram que a expressão aumentada de
BACE1 no tecido cerebral e a RI dos ratos experimentais parece participar na
patogênese da DA.
Visto que a RI é um fator de risco
para o desenvolvimento da DA é interessante lembrar alguns sinais e sintomas da
RI. Indivíduos com RI frequentemente possuem sinais e sintomas como: Craving
por açúcar; fadiga após as refeições; gordura abdominal; dificuldade para reduzir
peso; acantose nigrigans; acne; hirsutismo; dislipidemias.
E a conduta nutricional se baseia na
redução da carga e índice glicêmico da dieta, uso de alimentos
anti-inflamatórios evitando os pró-inflamatórios, redução dos produtos de
glicação avançada (AGEs) através de mudanças no modo de preparo dos alimentos e
uso de alimentos funcionais como a biomassa de banana verde, canela, yacon,
chia, fibras dietéticas e probióticos, além da suplementação de nutrientes como
o cromo, magnésio, zinco, vitamina D e ômega 3.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Pujol,
AP. Alzheimer x Resistência Insulínica. Instituto Ana Paula Pujol. Disponível
em: www.institutoanapaulapujol.com.br
Acessado em: 10/08/2016.
Willette,
AA et al. Association of
Insulin Resistence With Cerebral Glucose Uptake in Late Middle-Age Adults at
Risk for Alzheimer Disease. JAMA Neurol. 2015.
Shize, LI et al. Expression of β-site APP-cleaving
enzyme 1 in the hippocampal tissue of an insulin-resistant rat model of
Alzheimer’s disease. Exp Ther Med. 2015, vol.9, n.6, p: 2389-2393,
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