A
Doença Renal Crônica, por muito tempo chamada de insuficiência renal crônica, é
definida como uma síndrome clínica, caracterizada por perda lenta, progressiva
e irreversível das funções renais.
Vários
fatores podem levar a doença renal crônica e sabe-se que uma vez instalada ela
leva a perda progressiva do funcionamento dos rins, até a necessidade de
realizar diálise.
As
principais causas da doença renal crônica incluem a hipertensão arterial, o
diabete melito e as glomerulonefrites. Já as causas menos frequentes
compreendem os rins policísticos, as pielonefrites, o lúpus eritematoso
sistêmico e as doenças congênitas. A perda de função renal leva a uma série de
distúrbios, resultantes da concentração inadequada de solutos, do acúmulo de
substâncias tóxicas não eliminadas pela urina e da deficiência na produção de
hormônios específicos.
A
fase que antecede a diálise é chamada de tratamento conservador (compreende os
estágios de 1 a 4 da doença renal crônica) e tem como objetivos retardar a
progressão da doença, tratar as complicações decorrentes da perda de função
renal e preparar o paciente para o início da terapia dialítica. O envolvimento
de uma equipe multidisciplinar é primordial para o sucesso desse tratamento e
inclui a participação de clínico, nefrologista, nutricionista, enfermeiro,
psicólogo e assistente social.
Quadro 1.
Estadiamento da Doença Renal Crônica (DRC).
Estágio
|
Classificação
|
TFG
(mL/min/1,73m²)
|
0
|
Sem lesão renal – grupos de risco para DRC
|
≥ 90
|
1
|
Lesão renal, com TFG normal ou aumentada
|
≥ 90
|
2
|
Lesão renal com ↓ leve da TFG
|
89 a 60
|
3
|
Lesão renal com ↓ moderada da TFG
|
59 a 30
|
4
|
Lesão renal com ↓ grave da TFG
|
29 a 15
|
5
|
Insuficiência renal terminal ou fase
dialítica
|
< 15
|
TFG
= Taxa de filtração glomerular.
Pacientes
com taxa de filtração glomerular > 60ml/minuto, geralmente não necessitam de
orientações específicas quanto à alimentação, salvo àquelas que são
preconizadas para se ter uma vida saudável.
Todo
paciente que apresente taxa de filtração glomerular < 60ml/minuto, deve
fazer um acompanhamento ambulatorial com profissional nutricionista, a fim de
receber orientações e acompanhar a sua evolução clínica. Nessa fase, existem
orientações específicas quanto à alimentação, especialmente no que tange à
qualidade da ingestão proteica, com restrição parcial de alguns alimentos ricos
em fósforo e potássio. Os valores de fósforo, potássio e paratormônio podem
estar limítrofes ou pouco aumentados, de acordo com o caso específico. Os
objetivos nessa fase são: minimizar sintomas urêmicos, tais como náuseas,
fraqueza e perda do apetite; retardar a progressão da doença e manter o estado
nutricional até a necessidade de iniciar o programa regular de diálise, se assim
for necessário.
A
dieta para esse tratamento é baseada na restrição de proteínas da alimentação e
existem dois tipos desse regime. O primeiro trata-se de uma dieta convencional
restrita em proteínas onde se reduz pela metade o consumo principalmente de leite,
seus derivados e carnes. O segundo regime é uma dieta muito restrita em
proteínas suplementada com aminoácidos essenciais e cetoácidos e praticamente
se elimina os alimentos de origem animal como carnes em geral (vermelha e
branca), ovos e laticínios. Outros alimentos que não são de origem animal, mas
que contém proteínas e devem ter ingestão reduzida são os pães, biscoitos,
massas e o arroz. Em troca da ingestão de proteínas de origem animal o paciente
ingere os comprimidos dos aminoácidos e cetoácidos que o nutricionista
calculou. A cetodieta, como é chamada, reduz as toxinas do sangue onde os rins
não conseguem mais eliminar e retarda a progressão da doença renal e
consequentemente a entrada em diálise.
Mas vale ressaltar que qualquer tipo de
dieta só pode ser calculada e orientada por um nutricionista.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Avesani,
CM; Pereira, AML; Cuppari, L. Doença Renal Crônica. In: Cuppari, L. Nutrição:
nas doenças crônicas não transmissíveis. 1 ed. Barueri, SP: Manole, 2009.
Pacientes
em Tratamento Conservador. Sociedade Brasileira de Nefrologia. Disponível em: www.sbn.org.br
Acessado em: 21/11/2016.
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