A
Doença Celíaca (DC) tem origem complexa que resulta da interação entre fatores
ambientais (nomeadamente o glúten), fatores genéticos e fatores imunológicos
(defesa do organismo). A doença é induzida pela ingestão de glúten que existe
no trigo, na cevada, no centeio e malte. Recentemente foi identificada a
intolerância à aveia em alguns indivíduos com DC por haver contaminação. A DC
está associada a complicações como má nutrição, gastrite linfocítica, jejunite
ulcerativa (inflamação no intestino delgado), entre outras complicações.
Já a Intolerância à Lactose resume-se na incapacidade de digerir lactose (açúcar encontrado no leite e em produtos lácteos). Ocorre quando o intestino não produz ou produz pouca enzima lactase (substância responsável por “quebrar” a lactose para ser digerida). Os sintomas incluem: distensão abdominal, cólicas, diarreia, flatulência e náuseas. E ela pode ser congênita, primária, genética e secundária ou adquirida.
Para os dois casos, Doença Celíaca e Intolerância à Lactose, o tratamento é a exclusão dos alimentos desencadeadores. Porém, atualmente está na moda dietas sem glúten ou lactose, mas deve-se ter cautela e senso crítico com as informações que se tem acesso.
Podemos começar analisando os produtos sem glúten e sem lactose. Eles são específicos para pessoas com doença Celíaca e os sem lactose para os Intolerantes à Lactose. Pessoas que não são intolerantes e passam a se alimentar como um, podem correr o risco de se tornar de fato intolerante.
Muitos começam a cortar o glúten e a lactose em busca do emagrecimento, porém, vale lembrar que não é por que esses produtos são isentos de lactose ou glúten que são menos industrializados ou orgânicos. Eles podem conter excesso de gordura, açúcar, corantes, conservantes, entre outras substâncias não muito interessantes para a saúde. Muitas vezes comparando um produto sem glúten/sem lactose com um produto com glúten ou lactose pode-se verificar que os produtos sem glúten/lactose são mais calóricos e pobres em fibras.
Deve-se atentar-se para rótulo do alimento, ler a lista de ingredientes com atenção e preferir sempre os mais naturais possíveis, sem conservantes, corantes e aditivos.
Na escolha de produtos é importante dar preferência aos que possuem menos calorias por porção, valores de gorduras totais menores que 5g para cada 100g do produto, que possuem pouca ou nenhuma gordura saturada, que apresentem pelo menos 3g de fibras a cada 100g do produto e que tenham menores %VD para sódio (menor que 4%), açúcares e gorduras e maior para fibras.
Com
relação ao glúten X emagrecimento um ensaio biológico com seis ratos que
receberam uma dieta rica em gordura com 4,5% de glúten ou sem glúten, durante
oito semana mostrou que os animais com a dieta sem glúten tiveram menor ganho
de peso e gordura corporal, apresentaram regulação positiva de indicadores de
“queima de gordura” e melhora na regulação da glicose e inflamação. Resumindo
então, a dieta sem glúten teve efeito benéfico na redução o ganho de tecido
adiposo (gorduroso).
Porém, o fato de que retirar o glúten emagrece possui controvérsias: será que o emagrecimento se deve ao fato da retirada do glúten ou ao fato de reduzir o consumo das maiores fontes de carboidrato como pães, massas e bolos?
Deve-se ter cautela na hora de retirar um alimento da dieta de um indivíduo e lembrar sempre de respeitar sua individualidade bioquímica e avaliar o custo benefício de tal ação para que ao invés de gerar saúde leve o indivíduo a uma condição de intolerância ou alergia alimentar.
Exclusão
do glúten (complexo de proteína presentes em muitos cereais) tem sido proposta
como uma opção para a prevenção de outras doenças que não a doença celíaca. No
entanto os efeitos de dietas sem glúten sobre a obesidade e seus mecanismos de
ação ainda não foram estudados.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas
por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Meuer,
MC; Rocha, GDW. Glúten e Lactose: Devemos eliminar da dieta? Instituto Ana
Paula Pujol. Disponível em: www.institutoanapaulapujol.com.br
Acessado em: 26/11/2016.
SOARES,
F.L.P. et al. Gluten-free diet
reduces adiposity, inflammation and insulin resistance associated with the
induction of PPAR-alpha and PPAR-gamma expression. Journal
of Nutritional Biochemistry, 2013.
CUNHA,
M.; CARNEIRO, F.; AMIL, J. Doença celíaca refratária. Arq Med, v.27, n.1, fev. 2013.
BARBOSA, C. R.; ANDREAZZI, M. A. Intolerância à lactose e suas consequências no metabolismo do cálcio. Revista Saúde e Pesquisa, v. 4, n. 1, p. 81-86, jan./abr. 2011.
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