Os ácidos graxos ômega-3 são lipídios (gorduras)
poli-insaturados de grande importância para a manutenção da saúde.
Recentemente, o consumo destes ácidos graxos despertou grande interesse dos
pesquisadores em função das associações encontradas entre o seu consumo e a
prevenção de doenças neurodegenerativas, principalmente em idosos. Os estudos
têm demonstrado que portadores de enfermidades neurológicas como esquizofrenia,
depressão, síndrome do déficit de atenção e hiperatividade têm menores teores
de ácidos graxos ômega-3 nas membranas celulares. Além disso, evidências
apontam que a deficiência de ômega-3 pode estar associada aos diversos
problemas de comportamento, desordens neurológicas e psiquiátricas, como por exemplo,
a depressão.
O tecido cerebral é predominantemente composto de
lipídios, incluindo os saturados, monoinsaturados e poli-insaturados. Dentre os
ácidos graxos poli-insaturados, o ômega-3 representa cerca de 10 a 20% do total
da composição de ácidos graxos do cérebro. Estes ácidos graxos são componentes
estruturais fundamentais das membranas dos neurônios (células do cérebro) e
estão envolvidos nos processos cerebrais e neuronais do sistema nervoso
central. Sendo assim, ácidos graxos ômega-3 são essenciais durante todo o ciclo
da vida para o desenvolvimento e funcionamento normal do cérebro.Atualmente,
cerca de 25% da população acima de 85 anos possui um significativo
comprometimento da atenção cognitiva. Estima-se que a prevalência global de
déficit cognitivo e demência, incluindo doença de Alzheimer, irá aumentar
significativamente em proporção ao aumento da expectativa de vida. A
deterioração da memória e atenção cognitiva debilita gravemente o indivíduo,
comprometendo diretamente sua qualidade de vida e a de seus familiares.
Ao que tudo indica, pessoas com alimentação
deficiente em ômega-3 podem sofrer antecipadamente com o processo natural de
envelhecimento do cérebro. Estas pessoas são acometidas mais cedo por problemas
como a perda de memória e o declínio de habilidades cognitivas.
Os ácidos graxos ômega-3 beneficiam as funções
cognitivas e a proteção do cérebro, pois exercem um papel de agente
antioxidante e neuroprotetor. Estudos demonstraram que o ácido graxo
docosahexaenoico ou DHA e o ácido graxo eicosapentaenoico ou EPA (dois ácidos
graxos ômega-3) são antioxidantes nutricionais e reduzem a formação de radicais
livres no cérebro e no fígado. Os radicais livres são moléculas instáveis que,
para atingir a estabilidade, reagem com o que encontram pela frente, muitas
vezes destruindo ou alterando moléculas importantes, como lipídios, proteínas,
vitaminas e até mesmo o DNA celular. Uma vez alteradas, estas moléculas podem
não desempenhar seu papel de maneira eficiente e correta e, uma das formas de diminuir
a formação dos radicais livres é por meio de substâncias que agem como
antioxidantes.
Apesar da importância do ômega-3 já estar
evidenciada no meio científico, o consumo de ômega-3 pela população em geral,
incluindo crianças e adolescentes, é frequentemente inadequado. Isso porque os
hábitos alimentares e o ritmo de consumo da população dão preferência à
ingestão de gorduras saturadas (como as presentes nas carnes, manteiga, queijos
curados, bacon e banha). As gorduras saturadas são também importantes para o
nosso organismo, porém em pequenas quantidades, já que em grandes quantidades
podem causar sérios problemas para a saúde, como elevados níveis de colesterol,
aterosclerose e infartos.
Dentre os alimentos que constituem as principais
fontes de ômega-3 estão os peixes de água salgada e os produtos derivados de
peixes, tais como óleo de peixe. Alguns dos peixes ricos em ômega-3 são cavala,
arenque, sardinha, salmão, atum e bacalhau. O ideal seria a ingestão de pelo
menos duas porções de peixe por semana dando preferência as preparações assada,
cozida ou grelhada.
Além dos peixes de água salgada, recomendam-se
incluir outras fontes de ácidos graxos ômega-3 na alimentação. As nozes,
castanhas, sementes de linhaça, azeite de oliva e óleos vegetais (canola e
linhaça) também são importantes fontes de ácidos graxos ômega-3. É importante
salientar que estes alimentos são fontes importantes por estarem ao maior
alcance da população, entretanto, as melhores fontes são os peixes de água
salgada.
Sendo assim, para a manutenção da saúde do cérebro,
de forma a manter as habilidades cognitivas por diversos anos, o consumo de
alimentos contendo ômega-3 é indispensável.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais
da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos
e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Schwarz, K. Ômega-3 e a saúde do cérebro. Grupo
de Estudos em Alimentos Funcionais – GEAF, ESALQ/USP. Disponível em: www.grupoalimentosfuncionais.blogspot.com.br
Ubeda, N.; Achón, M.
Varela-Moreiras, G. Omega 3 fatty acids in the elderly. British Journal of
Nutrition, v.107, p.S137–S151, 2012.
Mazereeuwa, G.; Lanctôta,
K. L.; Chaua, S. A.; Swardfagera, W.; Herrmanna, N. Effects of omega-3 fatty
acids on cognitive performance: a meta-analysis. Neurobiology
of Aging, v.33, p.1482.e17–1482.e29, 2012.
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