A dieta mediterrânea é rica em polifenóis
diversos, presentes em vegetais, frutas, sementes oleaginosas, vinho e azeite.
Estudos mostram menor incidência de doenças cardiovasculares e de certos tipos
de câncer na área do Mediterrâneo.
Azeite é o extrato oleoso de azeitonas e contém
alto teor de polifenóis – são mais de 30 compostos fenólicos! Seus principais polifenóis, hidroxitirosol e
oleuropeína, dão ao azeite de oliva extravirgem o sabor característico,
levemente picante.
Hidroxitirosol
e oleuropeína
Hidroxitirosol é formado pela hidrólise
contínua de oleuropeína durante o amadurecimento das azeitonas, e também na
extração e no armazenamento do azeite. Após o consumo, a quebra da oleuropeína
pela ação da microbiota intestinal (gigantesca população de bactérias presentes
no cólon) rende mais hidroxitirosol. Hidroxitirosol tem recebido crescente
atenção devido à sua marcante bioatividade: ativa o metabolismo (através da
enzima AMPK), atua no descarte de células velhas obsoletas (autofagia), é
antioxidante e anti-inflamatório, com importante papel protetor em várias
doenças relacionadas com a idade.
Antienvelhecimento
O envelhecimento é um processo complexo, sendo
considerado fator de risco para enfermidades como câncer, diabetes, doenças
cardiovasculares e neurodegenerativas, com forte componente oxidativo e
inflamatório. Com a expectativa de vida aumentando, há grande interesse na
busca de estratégias antienvelhecimento que permitam a longevidade saudável. Na
Espanha, onde a dieta mediterrânea é o padrão alimentar de referência, a
expectativa de vida terá a maior média mundial por volta de 2040, ultrapassando
o Japão. A ingestão média de hidroxitirosol na dieta mediterrânea é estimada em
15 a 30 mg/dia. Um bom azeite extravirgem pode conter até 200 mg/kg do
polifenol.
Antioxidante
poderoso
O hidroxitirosol atua na prevenção de doenças
metabólicas e na longevidade. Este polifenol não é tão comentado ou conhecido
como o resveratrol, no entanto a sua importância para a saúde vem merecendo
enorme atenção da comunidade científica. Hidroxitirosol e seu precursor
oleuropeína estão entre os antioxidantes mais poderosos da natureza, e seu
papel biológico tem sido amplamente pesquisado nos últimos 30 anos.
Azeitonas,
azeite e vinho
O site Phenol-Explorer, um detalhado banco de
dados sobre polifenóis, revela que as melhores fontes de hidroxitirosol são
azeitonas pretas e verdes (60 mg/100 g em média), azeites extravirgem, virgem e
até o refinado (0,7 mg/100 g em média), e vinhos tinto, rosé e branco (0,5
mg/100 ml em média). O consumo de azeitonas oferece uma ótima ingestão de
polifenóis e outros antioxidantes, ajudando na prevenção de doenças
degenerativas relacionadas com a idade. Azeitonas são curadas em salmoura, com
alto teor de sódio e, portanto, contraindicadas em pessoas sensíveis ao
mineral. Para minimizar o sabor salgado e o conteúdo de sódio, elas podem ser
lavadas ou deixadas de molho em água filtrada antes do consumo.
Azeitonas
gregas
Azeitonas contêm grande quantidade de ácidos
graxos ômega-9, aminoácidos essenciais, minerais, vitaminas, fibras, fitoativos
e três dezenas de compostos fenólicos. Além de hidroxitirosol, tirosol e
oleuropeína, as azeitonas (e o azeite) fornecem antocianidinas, quercetina,
luteolina, apigenina, ácidos fenólicos, lignanas, e muito mais. Enquanto pode
haver dúvidas sobre a qualidade dos azeites, muitas vezes derrubados pelo
Inmetro, a azeitona não tem como ser falsificada. Azeitonas gregas são as mais
ricas em hidroxitirosol, mas todas fornecem os preciosos polifenóis. Três ou
quatro azeitonas por dia enriquecem o prato e a saúde.
Folhas
de oliveira
As folhas de oliveira contêm uma quantidade
muito maior de polifenóis do que as azeitonas e o azeite extravirgem. Folhas
podem ser usadas em forma de chá, pó ou extrato seco padronizado. Há forte
evidência mostrando que polifenóis da oliveira atuam em fatores de risco para a
síndrome metabólica, reduzindo a pressão arterial, açúcar no sangue e oxidação do
colesterol LDL. Estudos comprovam que a folha de oliveira é um poderoso
fitoterápico com ação medicamentosa, atuando no sistema cardiovascular, ósseo e
imunológico.
Intestino
inflamado
O tratamento atual para doenças inflamatórias
do intestino (colite ulcerativa, Crohn, cólon irritável) utiliza medicamentos
pesados como salicilatos, corticoides e imunomoduladores, com alto custo,
muitos efeitos adversos e pouco resultado. Nos últimos anos tem se investigado
os efeitos benéficos dos biofenóis (polifenóis de frutas e legumes), e as
propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias da fração fenólica de folhas de
oliveira mostram potencial aplicação na doença inflamatória crônica do
intestino.
Extrato
padronizado
O extrato seco padronizado de folhas de oliveira
é um suplemento com alto teor de polifenóis, principalmente oleuropeína e
hidroxitirosol, responsáveis por sua ação anti-inflamatória, antioxidante e
imunoestimulante. A dose pode variar de 500 a 1000 mg por dia dependendo de
cada caso. Pessoas com pressão baixa não devem usar o produto, nem grávidas ou
lactantes. Quem toma medicação para controle de diabetes e hipertensão deve
obrigatoriamente falar com seu médico.
Texto elaborado por: Dra. Tamara
Mazaracki.
Título de Especialista em Nutrologia –
Associação Brasileira de Nutrologia;
Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de
Nutrologia;
Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição
Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São
Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;
Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto
Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.
As informações contidas neste blog,
não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área
de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e
sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
*Pharmacology
Research 2019. Hydroxytyrosol protects
from aging process via AMPK & autophagy; effects on cancer, metabolic
syndrome, osteoporosis, immune-mediated & neurodegenerative diseases.
*Antioxidants 2018.
Biological Relevance of Extra Virgin
Olive Oil Polyphenols Metabolites.
*Journal of
Experimental Food Chemistry 2017. Table
Olives: A Vehicle for the Delivery of Bioactive Compounds.
*Intl J Molecular
Sciences 2019. Olive Tree
Biophenols in Inflammatory Bowel Disease: When Bitter is Better.
*European J
Nutrition 2017. Impact of phenolic-rich olive leaf extract on blood pressure,
plasma lipids and inflammatory markers: a randomised controlled trial.
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