O aumento da expectativa de vida e
consequente envelhecimento da população trouxeram consigo o aumento da
incidência de doenças neurodegenerativas em especial as diferentes formas de
demência.
A doença de Alzheimer é
responsável por 70% dos casos de demências, constituindo atualmente um problema
de saúde pública. Também conhecida como Mal de Alzheimer, esta doença é
caracterizada pela demência e perda de memória progressiva.
A incidência desta doença envolve não
somente problemas econômicos relacionados a gastos com saúde pública como
também promove a redução da qualidade de vida e o comprometimento da saúde
física e mental. Além disso, os medicamentos disponíveis atualmente para o
tratamento da doença de Alzheimer apresentam alto custo e têm efeitos
colaterais indesejáveis, o que nos incentiva a buscar novas formas de
prevenção, a fim de reduzir a incidência dessa doença na sociedade.
As pesquisas têm demonstrado que existe
uma forte relação inversa entre o consumo regular de frutas e hortaliças e a
prevalência de algumas doenças degenerativas. Resumindo dizemos que quanto mais
você consome frutas e hortaliças menores são os riscos de desenvolver doenças
degenerativas. Isto porque as plantas em geral são fontes de compostos
bioativos de forma qualitativa e quantitativa, tornando-se uma estratégia
importante para o tratamento de distúrbios neurológicos como a doença de
Alzheimer.
Diante desta relação alimento e saúde,
uma pesquisa da ESALQ/USP estudou a casca de romã como uma possível aliada na
prevenção da doença de Alzheimer. A pesquisa intitulada “Resíduos de romã
(Punica granatum) na prevenção da doença de Alzheimer” foi desenvolvida por
Maressa Caldeira Morzelle com a orientação da Professora Titular em Nutrição
Humana Jocelem Mastrodi Salgado.
Já se sabia que a romã é uma fonte de
compostos bioativos, aqueles que, além de nutrir, podem prevenir ou reduzir o
risco de doenças, com destaque para os antioxidantes, principalmente a sua
casca. Com isso, decidiu-se testar sua atividade no mal de Alzheimer.
O principal ponto da pesquisa foi que a
comprovação científica que existe um componente na casca da romã que consegue
manter o nível normal do neurotransmissor acetilcolina, o qual, na doença de
Alzheimer, se apresenta em um nível reduzido no cérebro. A acetilcolina é
responsável pela manutenção das atividades cerebrais relacionadas a atenção,
aprendizagem e memória.
A acetilcolina é quebrada pela enzima
acetilcolinesterase em colina e ácido acético. Estes subprodutos não são
tóxicos, mas essa quebra encerra o processo de neurotransmissão. Para mantermos
os níveis de acetilcolina estáveis precisamos inibir a enzima
acetilcolinesterase.
Atualmente cinco medicamentos estão
aprovados pelo FDA e disponíveis para o combate desta doença. Quatro destes
medicamentos apresentam como mecanismo de ação esta atividade
anticolinesterásica, ou seja, de inibição da enzima acetilcolinesterase.
Portanto, atualmente, a inibição da acetilcolinesterase é o principal mecanismo
de ação dos medicamentos aplicados no tratamento da doença. A casca de romã
apresentou esta atividade, concluindo-se que este resíduo precisa ser estudado
mais fundo quanto aos demais mecanismos da doença, mas pode constituir uma
alternativa na prevenção da doença de Alzheimer.
Adicionalmente, a casca de romã é uma
fonte de compostos antioxidantes que podem auxiliar na proteção do cérebro
contra reações de oxidação. Sabe-se que o cérebro é um forte alvo das reações
de oxidação por apresentar baixo conteúdo de glutationa (um antioxidante
natural) e membranas formadas por ácidos graxos poli-insaturados (facilmente
oxidados). Além disso, o metabolismo cerebral requer elevados níveis de
oxigênio, o que o torna ainda mais susceptível as reações de oxidação. Os
antioxidantes da casca da romã podem atuar neste mecanismo de proteção ao
cérebro, evitando as reações de oxidação.
Para finalizar a pesquisa,
transformamos o extrato líquido da casca em um pó (micropartículas). Elas foram
adicionadas a sucos de frutas e foram amplamente aceitas em um teste de análise
sensorial.
O principal papel da universidade é
encontrar soluções para os problemas enfrentados pela sociedade e passar esses
dados de maneira clara, científica e orientada à comunidade. É bastante
animador conseguir esses resultados satisfatórios comprovados por testes
bioquímicos e sentir que devemos continuar trabalhando com essa pesquisa
inovadora. Além disso, utilizando esses resíduos (a casca) estamos de alguma
forma protegendo o meio ambiente.
As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por
atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos,
nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e
exclusivamente, para seu conhecimento.
Referência Bibliográfica:
Morzelle, MC. Casca de romã na prevenção da
doença de Alzheimer. Grupo de Estudos em Alimentos Funcionais – GEAF,
ESALQ/USP. Disponível em: www.alimentosfuncionais.blogspot.com.br
Acessado em: 12/09/2019.
Um comentário:
Muito interessante!!! Adorei!!! 😍👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼
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