sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Casca de Romã x Alzheimer


O aumento da expectativa de vida e consequente envelhecimento da população trouxeram consigo o aumento da incidência de doenças neurodegenerativas em especial as diferentes formas de demência.

A doença de Alzheimer é responsável por 70% dos casos de demências, constituindo atualmente um problema de saúde pública. Também conhecida como Mal de Alzheimer, esta doença é caracterizada pela demência e perda de memória progressiva.

A incidência desta doença envolve não somente problemas econômicos relacionados a gastos com saúde pública como também promove a redução da qualidade de vida e o comprometimento da saúde física e mental. Além disso, os medicamentos disponíveis atualmente para o tratamento da doença de Alzheimer apresentam alto custo e têm efeitos colaterais indesejáveis, o que nos incentiva a buscar novas formas de prevenção, a fim de reduzir a incidência dessa doença na sociedade.

As pesquisas têm demonstrado que existe uma forte relação inversa entre o consumo regular de frutas e hortaliças e a prevalência de algumas doenças degenerativas. Resumindo dizemos que quanto mais você consome frutas e hortaliças menores são os riscos de desenvolver doenças degenerativas. Isto porque as plantas em geral são fontes de compostos bioativos de forma qualitativa e quantitativa, tornando-se uma estratégia importante para o tratamento de distúrbios neurológicos como a doença de Alzheimer.

Diante desta relação alimento e saúde, uma pesquisa da ESALQ/USP estudou a casca de romã como uma possível aliada na prevenção da doença de Alzheimer. A pesquisa intitulada “Resíduos de romã (Punica granatum) na prevenção da doença de Alzheimer” foi desenvolvida por Maressa Caldeira Morzelle com a orientação da Professora Titular em Nutrição Humana Jocelem Mastrodi Salgado.

Já se sabia que a romã é uma fonte de compostos bioativos, aqueles que, além de nutrir, podem prevenir ou reduzir o risco de doenças, com destaque para os antioxidantes, principalmente a sua casca. Com isso, decidiu-se testar sua atividade no mal de Alzheimer.
O principal ponto da pesquisa foi que a comprovação científica que existe um componente na casca da romã que consegue manter o nível normal do neurotransmissor acetilcolina, o qual, na doença de Alzheimer, se apresenta em um nível reduzido no cérebro. A acetilcolina é responsável pela manutenção das atividades cerebrais relacionadas a atenção, aprendizagem e memória.

A acetilcolina é quebrada pela enzima acetilcolinesterase em colina e ácido acético. Estes subprodutos não são tóxicos, mas essa quebra encerra o processo de neurotransmissão. Para mantermos os níveis de acetilcolina estáveis precisamos inibir a enzima acetilcolinesterase.

Atualmente cinco medicamentos estão aprovados pelo FDA e disponíveis para o combate desta doença. Quatro destes medicamentos apresentam como mecanismo de ação esta atividade anticolinesterásica, ou seja, de inibição da enzima acetilcolinesterase. Portanto, atualmente, a inibição da acetilcolinesterase é o principal mecanismo de ação dos medicamentos aplicados no tratamento da doença. A casca de romã apresentou esta atividade, concluindo-se que este resíduo precisa ser estudado mais fundo quanto aos demais mecanismos da doença, mas pode constituir uma alternativa na prevenção da doença de Alzheimer.

Adicionalmente, a casca de romã é uma fonte de compostos antioxidantes que podem auxiliar na proteção do cérebro contra reações de oxidação. Sabe-se que o cérebro é um forte alvo das reações de oxidação por apresentar baixo conteúdo de glutationa (um antioxidante natural) e membranas formadas por ácidos graxos poli-insaturados (facilmente oxidados). Além disso, o metabolismo cerebral requer elevados níveis de oxigênio, o que o torna ainda mais susceptível as reações de oxidação. Os antioxidantes da casca da romã podem atuar neste mecanismo de proteção ao cérebro, evitando as reações de oxidação.

Para finalizar a pesquisa, transformamos o extrato líquido da casca em um pó (micropartículas). Elas foram adicionadas a sucos de frutas e foram amplamente aceitas em um teste de análise sensorial.

O principal papel da universidade é encontrar soluções para os problemas enfrentados pela sociedade e passar esses dados de maneira clara, científica e orientada à comunidade. É bastante animador conseguir esses resultados satisfatórios comprovados por testes bioquímicos e sentir que devemos continuar trabalhando com essa pesquisa inovadora. Além disso, utilizando esses resíduos (a casca) estamos de alguma forma protegendo o meio ambiente.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referência Bibliográfica:

Morzelle, MC. Casca de romã na prevenção da doença de Alzheimer. Grupo de Estudos em Alimentos Funcionais – GEAF, ESALQ/USP. Disponível em: www.alimentosfuncionais.blogspot.com.br Acessado em: 12/09/2019.

Um comentário:

Stenia disse...

Muito interessante!!! Adorei!!! 😍👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼