segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Gordura no Fígado – Um Sério Problema de Saúde


O corpo armazena gordura em diversos locais para uso posterior como fonte de energia. O fígado contém alguma gordura naturalmente, porém se este teor é muito alto pode causar a doença hepática gordurosa (esteatose). Neste processo, o tecido normal e saudável do fígado vai sendo infiltrado por moléculas de gordura. O fígado aumenta de tamanho, fica inchado e perde a sua funcionalidade plena, podendo progredir para sérios problemas de saúde. O tratamento para a gordura no fígado inclui mudanças na dieta, perda de peso, prática de atividade física e suplementos como silimarina, curcumina e probióticos, dentre outros. Tão importante quanto escolher bem os alimentos que ajudam a combater o acúmulo de gordura no fígado, é evitar alimentos vilões e outros fatores que contribuem para a esteatose, como excesso de álcool e medicamentos.

Superlaboratório

O fígado é um laboratório de primeira linha, atuando no sistema digestivo humano e com mais de 500 funções identificadas, incluindo o metabolismo de alimentos, armazenamento de energia, remoção de detritos orgânicos, desintoxicação, suporte ao sistema imunológico, produção de bile e de centenas de compostos químicos.

Filtro muito eficiente

A filtração do sangue é uma função essencial do fígado. Todo o sangue do nosso corpo (5 litros em média) passa através do fígado quase 400 vezes por dia - ele filtra 1,4 litros de sangue por minuto! A filtração é vital porque o sangue vem carregado de bactérias, endotoxinas, complexos antígeno-anticorpo e outras substâncias tóxicas provenientes do intestino através da veia porta. Um fígado saudável limpa quase 100% das toxinas do sangue, antes que ele seja devolvido para a circulação geral. Qualquer alteração em sua plena função vai impactar na saúde.

Esteatose hepática

Existem dois tipos de esteatose hepática: de origem alcoólica e não alcoólica. A gordura no fígado está fortemente associada com fatores de risco metabólico, como resistência à insulina, triglicerídeos altos, baixo colesterol HDL (bom), doenças cardiovasculares, hipotireoidismo, obesidade e mudanças na microbiota (flora) intestinal. A esteatose avançada danifica o fígado, dificultando a remoção de toxinas e a produção de bile. Quando o fígado é incapaz de cumprir estas tarefas de forma eficaz, há risco de se desenvolver outros problemas de saúde. A esteatose é um problema grave, e se não for tratada pode evoluir para hepatite, cirrose e câncer. 

O que sobrecarrega o fígado?

Alimentos processados, açúcar em excesso (principalmente a frutose derivada do xarope de milho), aditivos alimentares (adoçantes, corantes, conservantes), frituras ricas em gorduras trans e ômega-6 (óleos vegetais como canola, soja, algodão, milho), álcool, tabaco, drogas recreativas e diversos medicamentos. Há também fatores ambientais: poluição, pesticidas, herbicidas, fertilizantes sintéticos. Esta overdose de toxinas alimentares e ambientais dos tempos modernos faz com que o fígado cumpra horas extras para desintoxicar o organismo.

Frutose, frituras e álcool

As pesquisas evidenciam que o consumo exagerado de açúcar (mais de 25 gramas por dia), de frutose adicionada em alimentos processados e de carboidratos refinados, é a principal razão pela formação da esteatose hepática não alcoólica. Quando se consome grande quantidade de frutose, o fígado transforma este excesso em gordura (triglicerídeos). Frituras, ricas em calorias e gorduras trans, também devem ser eliminadas da dieta, pois contribuem para o ganho de peso e para a inflamação. Por outro lado, a esteatose hepática alcoólica é causada principalmente pelo excesso de bebidas alcoólicas. 



Moléculas de gordura

Na esteatose hepática (depósito de gordura no fígado) o tecido normal e saudável do fígado vai sendo infiltrado por moléculas de gordura. O fígado aumenta de tamanho, fica inchado e perde a sua funcionalidade plena, podendo progredir para sérios problemas de saúde Diversos alimentos e suplementos nutricionais ajudam a prevenir e a combater o acúmulo de gordura no fígado.

O que comer?

Folhas, legumes (destaque para brócolis), frutas (principalmente berries e cítricos), fibras, sementes oleaginosas, feijões e pescados estão entre as boas escolhas. São muitas as gorduras boas que ajudam o fígado a se livrar da gordura ruim. Ômega-3 (presente na sardinha, cavala, atum, linhaça, chia e nozes) melhora os níveis de gordura hepática e os níveis de colesterol HDL em pessoas com esteatose. Abacate e azeite são ricos em ômega-9, que reduz o estresse oxidativo e a inflamação, contribuindo para um fígado mais saudável. Pesquisas recentes indicam que o óleo de coco extravirgem atua como um nutracêutico contra a esteatose hepática.

Alho, cúrcuma e gengibre

Alho é um tempero com ampla ação medicinal, e estudos mostram que seu consumo contribui para melhorar a resistência insulínica e o perfil lipídico, reduzindo a chance de acumular gordura no fígado.  A curcumina, um polifenol presente na cúrcuma, é eficaz contra o desenvolvimento da esteatose hepática e evita a sua progressão para hepatite. O consumo diário de cúrcuma reduz a resistência insulínica, a inflamação e a oxidação de gorduras. Gengibre, composto por centenas de fitoquímicos, também age na resistência insulínica e inflamação, atuando na prevenção e na correção da esteatose.

Café e chá

Café é uma bebida com diversas propriedades na saúde humana. O ácido clorogênico, um dos princípios ativos do café, tem ação antioxidante e anti-inflamatória, ajuda a reduzir o colesterol e a prevenir a doença hepática gordurosa.  As pesquisas comprovam que o chá verde e o chá preto, devido ao seu alto teor de polifenóis, contribuem para diminuir o percentual de gordura corporal e de gordura no fígado. 



Suplementos

Além de uma alimentação com ênfase em folhas, legumes, frutas coloridas, sementes oleaginosas, boas gorduras e proteínas de qualidade, há também vitaminas, fitoterápicos e suplementos que ajudam a prevenir problemas e a reparar um fígado doente, como silimarina, curcumina, probióticos, ácido lipóico, colina, inositol, complexo B, magnésio, vitaminas C, D, E, polifenóis, ômega-3 e outros.

Cuide do fígado com carinho!  
  
É preciso reconhecer que o fígado é um órgão essencial à sobrevivência. Não se pode viver sem ele – não há nenhuma máquina criada pelo homem que consiga fazer o que o fígado faz, tamanha é a sua complexidade! As doenças mais comuns do fígado são infiltração gordurosa (esteatose), hepatite (inflamação aguda, subaguda ou crônica do fígado), cirrose (endurecimento do tecido hepático com perda da função) e câncer. Se o fígado falhar e não houver um transplante, nós simplesmente morremos. Esta usina fantástica trabalha incansavelmente e, de modo geral, não nos lembramos disso e nem cuidamos do fígado. Procure se alimentar de forma correta, evite alimentos processados, açúcares e frituras, e tenha bons hábitos de vida. O fígado agradece e a sua saúde também!

Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki. 

Título de Especialista em Nutrologia –  Associação Brasileira de Nutrologia;

Membro Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;

Pós-graduação em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE – Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia;

Pós-graduação em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

* International Journal of Research in Pharmacy & Biosciences 2017. Physiology of the liver.
*Annual Review in Pathology 2018. Recent Insights into the Pathogenesis of Nonalcoholic Fatty Liver Disease.

*Liver International 2018. Hepatic fat as clinical outcome and therapeutic target for nonalcoholic fatty liver disease.

*Alimentary Pharmacology & Therapeutics 2018. Review article: drug-induced liver injury in the context of nonalcoholic fatty liver disease.

*European Review for Medical & Pharmacological Sciences 2017. Fatty liver & drugs: the two sides of the same coin.

*Journal of the Science of Food & Agriculture 2018. Virgin coconut oil reverses hepatic steatosis by restoring redox homeostasis and lipid metabolism in male Wistar rats.

*World Journal of Hepatology 2017. Coffee: The magical bean for liver diseases.

*Nutrients 2018. Nutraceutical Approach to Non-Alcoholic Fatty Liver Disease (NAFLD).

*Diseases 2018. Potential Therapeutic Benefits of Herbs and Supplements in Patients with NAFLD.

*PLoS One 2017. New evidence for the therapeutic potential of curcumin to treat nonalcoholic fatty liver disease in humans.


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