domingo, 21 de junho de 2020

Doenças Crônicas Não Transmissíveis: Sódio, Açúcar e Gordura São os Maiores Vilões


As doenças crônicas não transmissíveis também conhecidas como DCNT’s são, certamente, o mal do mundo moderno que acomete o cenário da saúde global ameaçando o desenvolvimento humano. Dentre elas estão à obesidade, doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, doenças respiratórias crônicas e alguns tipos de cânceres.

A causa do aparecimento e desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis é multifatorial, ou seja, vários fatores podem contribuir para que o quadro da doença evolua. Dentre esses fatores os principais são o tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, consumo excessivo de gorduras saturadas, consumo insuficiente de legumes, verduras e frutas e falta de prática de atividades físicas.

A grande explosão do aparecimento dessas doenças se deve principalmente pelos maus hábitos alimentares adquiridos pelos consumidores com o passar dos anos. Devido a uma vida cada vez mais atribulada, o consumidor procurou se alimentar com rapidez e praticidade, esse anseio veio de encontro com a criação das redes de alimentação rápida e a produção em grande escala dos alimentos industrializados.

Os fast foods, com suas refeições rápidas e práticas, nada mais é que um convite ao desenvolvimento das DCNT’s. Os alimentos servidos nessas redes apresentam elevadas concentrações de sal, em seus lanches, açúcar nos doces, guloseimas e refrigerantes e gorduras.

O outro fator se deve em grande parte, pelas indústrias alimentícias. No intuito de tornar seus produtos de melhor e maior aceitação, algumas dessas indústrias empregam determinados ingredientes nocivos à saúde. Além de conservantes e outros aditivos, há também o abuso de ingredientes do sódio, açúcar e gordura, ingredientes conhecidos por melhorar as características sensoriais dos produtos (sabor, textura, cor e odor), porém fortemente relacionados com as doenças crônicas não transmissíveis. 



Sal e seus malefícios

O sal é um ingrediente relativamente barato. Além do mais, existem interesses tecnológicos, pelo fato dele tornar possível a diminuição da atividade de água em determinados produtos aumentando a vida de prateleira (validade) e atuação como agente antimicrobiano, ou seja, inibe a proliferação de alguns microrganismos que possam contaminar o alimento.

Porém o consumo em quantidades demasiadas pode acarretar em problemas graves à saúde como hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, complicações renais e retenção hídrica. Segundo a VIGITEL (Vigilância de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), programa governamental que realiza o levantamento dos casos das DCNT’s, no ano de 2012 a hipertensão arterial atingiu 22,7% da população brasileira e foi causa de 31,3% da mortalidade no país foi por complicações cardiovasculares, doenças essas relacionadas com o consumo excessivo do sódio.

O IBGE publicou dados mostrando que nos domicílios brasileiros o consumo de sal chega a 9,6 gramas/dia, enquanto que o consumo total pode atingir faixas de 12 gramas, representando duas vezes mais que o consumo recomendado pela Organização Mundial da Saúde que é de menos de 5 gramas por dia (equivalente a quatro colheres rasas de café). Produtos industrializados muitas vezes contribuem para a extrapolação desses limites, os salgadinhos consumidos amplamente por crianças e jovens possuem 7 vezes mais sódio do que o recomendado, já os biscoitos recheados, sucesso entre as crianças apresentam teores até quatro vezes maior, enquanto os doces e salgados contém 1,5 vezes a mais desse ingrediente.

Açúcar e seus malefícios

O açúcar é um carboidrato simples e uma das principais fontes de energia, porém esse ingrediente é pobre em nutrientes. Quando o açúcar é ingerido em excesso ocorre uma sobrecarga no pâncreas, glândula responsável por produzir insulina que converte a sacarose em glicose. Em níveis elevados o excesso de glicose não consumido pelo corpo é armazenado em forma de gordura no organismo o que induz ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis como obesidade, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes entre outros problemas.

A quantidade recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desse ingrediente não deve ultrapassar de 10% das calorias totais da dieta, ou seja, um indivíduo que consome 2000 calorias por dia não deve ultrapassar 200 calorias diárias de açúcar. Um grama de carboidrato contém 4 calorias, por tanto a ingestão de açúcar desse indivíduo não pode ser maior que 50 gramas/dia. 



Tomando uma lata de refrigerante, você estará consumindo equivalente a 10 colheres de sopa de açúcar, toda a quantidade recomendada por dia a um adulto. Se tomar uma lata por dia, ao fim do mês você terá ingerido cerca de 1 quilo de açúcar.

Gorduras e seus malefícios

Segundo a OMS, a quantidade de gorduras totais ingeridas não pode ultrapassar o valor de 15-30% das calorias totais de uma dieta diária. Dentro dessa porcentagem, as gorduras saturadas (aquelas encontradas em doces, frituras e produtos industrializados) devem ser menores que 10% e o restante devem ser representados pelas gorduras poli-insaturadas, também conhecidas como gorduras boas, como o ômega-3 encontrado comumente em peixes e nozes.

O erro se dá na quantidade excessiva ingerida dos saturados sobre os insaturados. Alimentos ricos em gorduras saturadas contribuem para o aumento do colesterol sanguíneo, contribuindo assim para a formação de placas de ateroma, redução do HDL e aumento do LDL, aumentando assim a ocorrência de doenças cardiovasculares. A gordura em excesso também se acumula no corpo em forma de adipócitos levando a casos de obesidade, geralmente o primeiro estágio para o desenvolvimento de várias outras DCNT’s.

A substituição na alimentação de uma gordura pela outra contribui para uma melhora na saúde. 



Algumas maneiras para reduzir o sal, açúcar e a gordura na dieta habitual

O sal pode ser reduzido na dieta com o uso das especiarias. O alecrim, cebolinha, salsinha, o limão e outros condimentos costumam melhorar o sabor dos alimentos, fornecendo sensações que são substituíveis pelo sabor salgado. Seja cauteloso com o uso dos temperos industrializados, observe a rotulação e verifique a quantidade de sódio ali presente, muitas vezes nesses produtos as quantidades de sal extrapolam a recomendação diária.

A redução do açúcar pode ser feita de várias maneiras. Evitar o consumo do refrigerante é uma das principais alternativas. Essa bebida contém altos teores de açúcar, opte por sucos de frutas naturais, água de coco, são opções muito mais saudáveis. Trocar as sobremesas açucaradas, como doces e sorvetes por frutas é uma ótima alternativa, além das frutas conterem diversos compostos benéficos à saúde como antioxidantes e fibras, elas apresentam baixos teores de açúcar, e a frutose (açúcar natural da fruta) é de fácil absorção e exige menos insulina para ser absorvida pelo organismo.

Evite frituras e aquela gordurinha extra que vem nas carnes. Com as dietas habituais, facilmente ultrapassamos a quantidade de gordura recomendada por dia, pois consumimos também outros alimentos que contém os lipídeos como o leite e seus derivados, principalmente o queijo, manteiga, margarina, carne vermelha.

Fique alerta! É importante reeducar sua dieta e observar a rotulagem dos alimentos, sempre verificando as quantidades desses três ingredientes alimentares naquele produto que você consumidor leva para sua casa. Reduzí-los em sua alimentação acarretará em qualidade de vida, bem estar e saúde, requisitos básicos para uma vida feliz.

As informações contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas:

Santana, ATMC. Doenças Crônicas Não Transmissíveis: sódio, açúcar e gordura são os maiores vilões.Grupo de Estudos em Alimentos Funcionais – GEAF, ESALQ/USP. Disponível em:
www.grupoalimentosfuncionais.blogspot.com.br

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