As doenças crônicas não transmissíveis
também conhecidas como DCNT’s são, certamente, o mal do mundo moderno que
acomete o cenário da saúde global ameaçando o desenvolvimento humano. Dentre
elas estão à obesidade, doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes,
doenças respiratórias crônicas e alguns tipos de cânceres.
A causa do aparecimento e
desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis é multifatorial, ou
seja, vários fatores podem contribuir para que o quadro da doença evolua.
Dentre esses fatores os principais são o tabagismo, consumo excessivo de
bebidas alcoólicas, consumo excessivo de gorduras saturadas, consumo
insuficiente de legumes, verduras e frutas e falta de prática de atividades
físicas.
A grande explosão do aparecimento
dessas doenças se deve principalmente pelos maus hábitos alimentares adquiridos
pelos consumidores com o passar dos anos. Devido a uma vida cada vez mais
atribulada, o consumidor procurou se alimentar com rapidez e praticidade, esse
anseio veio de encontro com a criação das redes de alimentação rápida e a
produção em grande escala dos alimentos industrializados.
Os fast foods, com suas refeições
rápidas e práticas, nada mais é que um convite ao desenvolvimento das DCNT’s.
Os alimentos servidos nessas redes apresentam elevadas concentrações de sal, em
seus lanches, açúcar nos doces, guloseimas e refrigerantes e gorduras.
O outro fator se deve em grande parte,
pelas indústrias alimentícias. No intuito de tornar seus produtos de melhor e
maior aceitação, algumas dessas indústrias empregam determinados ingredientes
nocivos à saúde. Além de conservantes e outros aditivos, há também o abuso de
ingredientes do sódio, açúcar e gordura, ingredientes conhecidos por melhorar
as características sensoriais dos produtos (sabor, textura, cor e odor), porém
fortemente relacionados com as doenças crônicas não transmissíveis.
Sal e seus
malefícios
O sal é um ingrediente relativamente
barato. Além do mais, existem interesses tecnológicos, pelo fato dele tornar
possível a diminuição da atividade de água em determinados produtos aumentando
a vida de prateleira (validade) e atuação como agente antimicrobiano, ou seja,
inibe a proliferação de alguns microrganismos que possam contaminar o alimento.
Porém o consumo em quantidades demasiadas
pode acarretar em problemas graves à saúde como hipertensão arterial, doenças
cardiovasculares, complicações renais e retenção hídrica. Segundo a VIGITEL
(Vigilância de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico), programa governamental que realiza o levantamento dos casos das
DCNT’s, no ano de 2012 a hipertensão arterial atingiu 22,7% da população
brasileira e foi causa de 31,3% da mortalidade no país foi por complicações
cardiovasculares, doenças essas relacionadas com o consumo excessivo do sódio.
O IBGE publicou dados mostrando que nos
domicílios brasileiros o consumo de sal chega a 9,6 gramas/dia, enquanto que o
consumo total pode atingir faixas de 12 gramas, representando duas vezes mais
que o consumo recomendado pela Organização Mundial da Saúde que é de menos de 5
gramas por dia (equivalente a quatro colheres rasas de café). Produtos
industrializados muitas vezes contribuem para a extrapolação desses limites, os
salgadinhos consumidos amplamente por crianças e jovens possuem 7 vezes mais
sódio do que o recomendado, já os biscoitos recheados, sucesso entre as
crianças apresentam teores até quatro vezes maior, enquanto os doces e salgados
contém 1,5 vezes a mais desse ingrediente.
Açúcar e seus
malefícios
O açúcar é um carboidrato simples e uma
das principais fontes de energia, porém esse ingrediente é pobre em nutrientes.
Quando o açúcar é ingerido em excesso ocorre uma sobrecarga no pâncreas,
glândula responsável por produzir insulina que converte a sacarose em glicose.
Em níveis elevados o excesso de glicose não consumido pelo corpo é armazenado
em forma de gordura no organismo o que induz ao desenvolvimento de doenças
crônicas não transmissíveis como obesidade, doenças cardiovasculares,
hipertensão arterial, diabetes entre outros problemas.
A quantidade recomendadas pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) desse ingrediente não deve ultrapassar de
10% das calorias totais da dieta, ou seja, um indivíduo que consome 2000
calorias por dia não deve ultrapassar 200 calorias diárias de açúcar. Um grama
de carboidrato contém 4 calorias, por tanto a ingestão de açúcar desse
indivíduo não pode ser maior que 50 gramas/dia.
Tomando uma lata de refrigerante, você
estará consumindo equivalente a 10 colheres de sopa de açúcar, toda a
quantidade recomendada por dia a um adulto. Se tomar uma lata por dia, ao fim
do mês você terá ingerido cerca de 1 quilo de açúcar.
Gorduras e seus malefícios
Segundo a OMS, a quantidade de gorduras
totais ingeridas não pode ultrapassar o valor de 15-30% das calorias totais de
uma dieta diária. Dentro dessa porcentagem, as gorduras saturadas (aquelas
encontradas em doces, frituras e produtos industrializados) devem ser menores
que 10% e o restante devem ser representados pelas gorduras poli-insaturadas,
também conhecidas como gorduras boas, como o ômega-3 encontrado comumente em
peixes e nozes.
O erro se dá na quantidade excessiva
ingerida dos saturados sobre os insaturados. Alimentos ricos em gorduras
saturadas contribuem para o aumento do colesterol sanguíneo, contribuindo assim
para a formação de placas de ateroma, redução do HDL e aumento do LDL,
aumentando assim a ocorrência de doenças cardiovasculares. A gordura em excesso
também se acumula no corpo em forma de adipócitos levando a casos de obesidade,
geralmente o primeiro estágio para o desenvolvimento de várias outras DCNT’s.
A
substituição na alimentação de uma gordura pela outra contribui para uma
melhora na saúde.
Algumas maneiras para reduzir o sal,
açúcar e a gordura na dieta habitual
O sal pode ser reduzido na dieta com o
uso das especiarias. O alecrim, cebolinha, salsinha, o limão e outros
condimentos costumam melhorar o sabor dos alimentos, fornecendo sensações que
são substituíveis pelo sabor salgado. Seja cauteloso com o uso dos temperos
industrializados, observe a rotulação e verifique a quantidade de sódio ali
presente, muitas vezes nesses produtos as quantidades de sal extrapolam a
recomendação diária.
A redução do açúcar pode ser feita de
várias maneiras. Evitar o consumo do refrigerante é uma das principais
alternativas. Essa bebida contém altos teores de açúcar, opte por sucos de
frutas naturais, água de coco, são opções muito mais saudáveis. Trocar as sobremesas
açucaradas, como doces e sorvetes por frutas é uma ótima alternativa, além das
frutas conterem diversos compostos benéficos à saúde como antioxidantes e
fibras, elas apresentam baixos teores de açúcar, e a frutose (açúcar natural da
fruta) é de fácil absorção e exige menos insulina para ser absorvida pelo
organismo.
Evite frituras e aquela gordurinha
extra que vem nas carnes. Com as dietas habituais, facilmente ultrapassamos a
quantidade de gordura recomendada por dia, pois consumimos também outros
alimentos que contém os lipídeos como o leite e seus derivados, principalmente
o queijo, manteiga, margarina, carne vermelha.
Fique alerta! É importante reeducar sua
dieta e observar a rotulagem dos alimentos, sempre verificando as quantidades
desses três ingredientes alimentares naquele produto que você consumidor leva
para sua casa. Reduzí-los em sua alimentação acarretará em qualidade de vida,
bem estar e saúde, requisitos básicos para uma vida feliz.
As informações contidas neste blog,
não devem ser substituídas por atendimento presencial aos profissionais da área
de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e etc. e
sim, utilizada única e exclusivamente, para seu conhecimento.
Referências Bibliográficas:
Santana, ATMC. Doenças Crônicas Não Transmissíveis: sódio, açúcar e gordura são os maiores vilões.Grupo de Estudos em Alimentos Funcionais – GEAF, ESALQ/USP. Disponível em: www.grupoalimentosfuncionais.blogspot.com.br
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