A
palavra tireoide é originária do latim e significa forma de escudo. Em 1656,
Thomas Warton escolheu essa denominação porque se acreditava que a única função
da tireoide era estética, tornando o pescoço mais bonito. Os tempos passaram e
com ele muitos estudos e comprovações científicas demonstraram que esta
glândula é vital para nossa saúde, pois exerce inúmeras funções importantes no
nosso organismo. A tireoide ou tiroide é uma glândula
em forma de borboleta (com dois lobos), que fica localizada na parte anterior
pescoço, logo abaixo da região conhecida como Pomo de Adão (ou popularmente,
gogó). É uma das maiores glândulas do corpo humano e tem um peso aproximado de 15 a 25 gramas (no adulto).
Ela age
na função de órgãos importantes como o coração, cérebro, fígado e rins.
Interfere, também, no crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes;
na regulação dos ciclos menstruais; na fertilidade; no peso; na memória; na
concentração; no humor; e no controle emocional. É fundamental estar em
perfeito estado de funcionamento para garantir o equilíbrio e a harmonia do
organismo.
Comparada
a outros órgãos do corpo humano é relativamente pequena ela. É responsável pela
produção dos hormônios T4 (tirosina) e T3 (triiodotironina) que atuam em todos os sistemas do nosso
organismo.
O T4 é um hormônio inativo e o mais
abundante, que depois é convertido em T3, a forma ativa do hormônio. O T3
também é feito diretamente.
Mas há outra substância produzida pela
tireoide, o T3 reverso. O RT3 é feito a partir da conversão do hormônio T4. A
produção de RT3 é normal em pessoas saudáveis. A conversão de T4 em T3 reverso é constante, acontece
maioritariamente no fígado e tem como objetivo eliminar T4 desnecessário. É
estimado que 40% do T4 é convertido em T3 e 20% é convertido em T3 reverso. Em
situações em que seu corpo precisa conservar energia e se concentrar em outros
problemas, as porcentagens acima vão mudar, podendo alterar a conversão para
RT3 a 50% ou mais, fazendo o T3 descer. Isto pode acontecer em quando há estresse
emocional, físico ou biológico. Uma doença crônica ou aguda (gripe, pneumonia,
etc), após uma cirurgia, após um acidente de carro ou qualquer lesão aguda, o
estresse crônico causando altos níveis de cortisol, a exposição a um ambiente
extremamente frio, diabetes, envelhecimento, ou mesmo usar remédios como betabloqueadores e amiodarona. Além do estresse crônico, há três razões
fisiológicas comuns. As duas primeiras estão relacionadas com as glândulas
suprarrenais (cortisol baixo e cortisol elevado), e a terceira está relacionada
com os níveis de ferro. Causas menos comuns incluem falta de vitamina B12, outras inflamações crônicas e
outros problemas de saúde.
ATENÇÃO: A
causa pode ser falta de ferro, um problema de cortisol (fadiga adrenal), ou
ambos. Existem outras causas do T3 reverso elevado, mas estas são as mais
comuns que devem ser analisadas em primeiro. Quando a tireoide não está funcionando
adequadamente pode liberar hormônios em excesso (hipertiroidismo) ou em quantidade insuficiente (hipotireoidismo).
HIPOTIREOIDISMO
Se a produção de “combustível” é
insuficiente provoca hipotireoidismo.
Tudo começa a funcionar mais lentamente no corpo: o coração bate mais devagar,
o intestino prende e o crescimento pode ficar comprometido. Ocorre, também,
diminuição da capacidade de memória; cansaço excessivo; dores musculares e
articulares; sonolência; pele seca; ganho de peso; aumento nos níveis de
colesterol no sangue; e até depressão. Na verdade, o organismo nesta situação
tenta "parar o indivíduo", já que não há “combustível” para ser
gasto.
HIPERTIREOIDISMO
Se há produção de “combustível”
em excesso acontece o contrário, o hipertiroidismo.
Nesse caso, tudo no nosso corpo começa a funcionar rápido demais: o coração
dispara; o intestino solta; a pessoa fica agitada; fala demais; gesticula
muito; dorme pouco, pois se sente com muita energia, mas também muito cansada.
Tanto no hipo como no
hipertireoidismo, pode ocorrer um aumento no volume da tireoide, que se chama bócio, e que pode ser detectado, através do
exame físico. Problemas na tireoide podem aparecer em qualquer fase da vida, do
recém-nascido ao idoso, em homens e em mulheres. Diagnosticar as doenças da tireoide não é complicado e o tratamento pode salvar
a vida da pessoa.
NÓDULOS DE TIREOIDE
Um dos problemas mais frequentes
da tireoide são os nódulos, que não apresentam sintomas. Estima-se que 60% da população
brasileira tenham nódulos na tireoide em algum momento da vida. O que não
significa que sejam malignos. Apenas 5% dos nódulos são cancerosos. O
reconhecimento deste nódulo precocemente pode salvar a vida da pessoa e a
palpação da tireoide é fundamental para isso. Este exame é simples, fácil de
ser feito e pode mudar a história de uma pessoa. Uma vez identificado o nódulo,
o endocrinologista solicitará uma série de exames complementares para confirmar
a presença ou não do câncer.
HIPOTIREOIDISMO
SUBCLÍNICO
O hipotireoidismo subclínico
é um diagnóstico laboratorial, pois, uma vez que o paciente ainda tenha níveis
normais de hormônios da tireoide, ele não apresenta nenhum (ou quase nenhum)
sintoma. Como já dito acima, o paciente com hipotireoidismo subclínico possui
níveis normais de T4 livre e níveis elevados de TSH, em geral entre 5 e 10 mU/L
(alguns locais usam 4,5 e 15 mU/L como limites). Habitualmente, quando o TSH já
está muito acima de 10 mU/L, o paciente já não tem mais hipotireoidismo
subclínico, pois o T4 livre costuma estar baixo e o paciente já apresenta
sintomas de hipotireoidismo. Portanto, o hipotireoidismo subclínico geralmente
apresenta TSH elevado, mas nunca muito superior a 10 ou 15 mU/L. O paciente apresenta, quando muito, apenas sintomas
brandos e inespecíficos, como um leve cansaço, uma discreta falta de vontade
para realizar tarefas ou uma pequena intolerância ao frio. Todos estes sintomas
são comuns e pode ocorrer a qualquer um determinados momentos da vida,
principalmente em períodos de estresse, excesso de trabalho, início de viroses,
etc. Portanto, no hipotireoidismo subclínico não há sintomas clínicos
relevantes que ajudem no diagnóstico. O diagnóstico só pode ser feito através
do monitoramento dos exames laboratoriais.
Uma
grande parte dos pacientes com hipotireoidismo subclínico, eventualmente, irão
desenvolver hipotireoidismo franco. Estudos mostram que após 10 a 20 anos até 55% dos
pacientes com hipotireoidismo subclínico já terão evoluído para a forma
completa da doença.
Nestes
casos a intervenção nutricional é de suma importância, introduzindo na dieta
alimentos que melhoram a função tireoidiana e removendo os que prejudicam (veja
a seguir). Controlando outros fatores, como emocionais, pode-se diminuir o
risco de desenvolver a disfunção.
DOENÇA AUTOIMUNE
Tanto
na tireoidite de Hashimoto quanto na doença de Graves, o sistema imunológico
passa a produzir anticorpos que atacam proteínas específicas da glândula tireoide.
Os anticorpos se ligam a determinados pontos da tireoide e passam a atacá-los,
provocando uma grande reação inflamatória local e destruição do tecido sadio da
glândula tireoide. Atualmente, conseguimos identificar
através de exames de sangue a presença de pelo menos três anticorpos
antitireoidianos: Antitireoperoxidase (anti-TPO), Anticorpos
Anti-receptores de TSH (TRAb) e Anticorpos Antitireoglobulina (anti-Tg) , que nos auxiliam no diagnóstico da tireoidite de Hashimoto e na
doença de Graves.
Segundo dados do Instituto
da Tireoide, 15% da população acima de 45 anos sofre de problemas na tireoide.
Entre as principais causas de problemas na tireoide está uma dieta
desequilibrada, relacionada especialmente ao consumo de iodo, além de outros nutrientes, como o selênio.
ALIMENTOS
QUE AUXILIAM O BOM FUNCIONAMENTO DA TIREOIDE
● ALGAS MARINHAS
Algas marinhas são uma fonte riquíssima de iodo e
ainda oferecem uma quantidade considerável de selênio, nutrientes fundamentais
para a produção de hormônios pela tireoide. Mas não exagere no consumo, pois o
sal comum já contém muita quantidade de iodo. O excesso de iodo também pode ser
prejudicial. A quantidade ideal recomendada para um adulto saudável é de 150
microgramas por dia, que pode ser facilmente atingida sem qualquer adição extra
de sal à comida pronta.
● CASTANHA-DO-PARÁ
Rica em selênio e
ômega-3, uma gordura poli-insaturada, a castanha-do-Pará fornece nutrientes que
servem de matéria-prima para a produção de hormônios pela tireoide. O ideal é
consumir uma ou duas castanhas por dia.
● QUINUA/ AVEIA
Por serem ótimas fonte de proteínas vegetais,
com cálcio, ferro, fibras, magnésio, potássio e zinco. A quantidade recomendada
de ingestão é de 30 a
50 gramas
ao dia, que podem ser adicionadas à salada, sopas, frutas, sucos e shakes.
● ÓLEO DE PEIXE
Óleo de peixe é rico em Ômega 3, estes ácidos
graxos atuam modulando a síntese dos hormônios tireoidianos e diminuindo a o
processo inflamatório, além disto também equilibra o sistema imunológico quando
a disfunção tem causa auto imune. Só fique atento para escolher as opções
certas: salmão, sardinha e atum. O nutriente também pode ser encontrado em
opções vegetais, como a chia e a linhaça. O consumo recomendado é de 120 g de peixe três vezes por
semana ou duas cápsulas de 1.000 mg para suplementação por dia. No caso do uso
de suplementos, um profissional deve ser consultado.
● GEMA DO OVO
A gema de ovo é conhecida por seus
componentes antioxidantes, que favorecem principalmente a saúde ocular. Mas a
pequena quantidade de iodo presente no alimento também é importante para a
produção de hormônios pela tireoide. Além disso, a gema apresenta carotenoides
(responsáveis pela cor amarelo alaranjada) que são uma pré-vitamina A, também
importante para a glândula. Uma parte da vitamina A que
o corpo recebe já vem pronta e outra parte vem por meio de nutrientes que o
próprio corpo transforma em vitamina A, que é o caso dos carotenoides. Outros
nutrientes importantes presentes na gema para a tireoide é a vitamina D e o ferro.
Desde que não seja frito, ovos podem ser consumidos diariamente.
● FRUTOS DO MAR /AVES /CARNE
VERMELHA
São boas fonte de zinco, ferro, vitamina B12,
importantes para a produção dos hormônios tireoidianos. No entanto controle
muito o consumo de carne, pois pode se tornar uma vilã da saúde, uma vez que
contém quantias consideráveis de gordura saturada, prejudicial ao organismo
quando em excesso. Prefira mais os frutos mar e as aves.
● LARANJA
Rica em carotenoides e vitamina C, a laranja
pode auxiliar no bom funcionamento da tireoide. A quantidade diária
recomendada, entretanto, é pequena: uma laranja por dia.
ALIMENTOS
QUE SÃO PREJUDICIAIS AO FUNCIONAMENTO DA
TIREOIDE
● CAFEÍNA
Além de
causar grande agitação no
organismo, esse nutriente — encontrado em grandes quantidades no café e nos
chás — pode provocar danos no
tratamento das disfunções da glândula. As especialistas ensinam que a
substância pode atrapalhar na absorção do remédio para esse tipo de doença,
portanto nada de tomá-la em horários próximos ao de medicação. A cafeína também
compete na absorção de nutrientes como ferro e zinco prejudicando a saúde
tireoidiana.
● GLÚTEN
Essa
proteína encontrada em cereais como trigo,
centeio, aveia, cevada e malte, causa uma doença autoimune em algumas pessoas,
chamada de doença celíaca, ou
para pessoas que são intolerantes ao glúten. E pesquisas indicam que isso pode
se relacionar a males como a Tireoidite de Hashimoto. Em um estudo publicado no
Journal of Pediatrics conclui-se que crianças celíacas com alterações na
produção dos hormônios e anticorpos tireoidianos tiveram seus níveis
normalizados com dieta sem glúten.
● SUCRALOSE
É um adoçante natural, usado em substituição ao açúcar sem tantas contraindicações,
mas que pode atrapalhar a tireoide. Ele tem cloro na composição, e assim capta o iodo, prejudicando o bom
funcionamento da glândula. Isto no caso de um exagero no seu consumo.
● SOJA
Apesar de
ser muito recomendado em diversas circunstâncias, esse grão pode causar muitos danos e encrencas para pessoas com
problemas de tireoide. A soja possui compostos antinutricionais, que dificultam
a absorção de minerais como ferro, zinco e cálcio. Apesar de essas
substâncias, chamadas de fitatos,
serem anuladas após o cozimento,
o consumo desse alimento é contraindicado a quem tem hipotireoidismo. Caso consuma, prefira as formas fermentadas, como o
missô, Natto.
● CARBOIDRATOS EM EXCESSO
Quando
comemos demais esse macronutriente,
aumentam os níveis necessários de hormônios da tireoide, causando uma maior demanda do trabalho da glândula,
além de requisitar mais iodo para
produzir T3 e T4. Desta forma,
com a nossa alimentação já sendo pobre em iodo, fica difícil regular a
produção. Dietas com uma redução nos
carboidratos e priorizando os tipos complexos são mais indicadas para a
saúde da tireoide, além do corpo como um todo. Portanto conclui-se que uma
alimentação rica em nutrientes, variada e adequada individualmente pode também
trazer como benefícios a prevenção ou o tratamento das disfunções da Tireoide.
Texto elaborado por: Dra. Roseli Lomele Rossi - CRN 2084.
Nutricionista
formada pelas Faculdades Integradas São Camilo (CRN 2084 /1983), com título de
Especialista em Nutrição Clínica concedido pela ASBRAN - Associação Brasileira
de Nutrição.
Pós
Graduada nos cursos de especialização de Planejamento, Organização e
Administração de Serviços de Alimentação; Fitoterapia Aplicada à Nutrição
Funcional e Nutrição Ortomolecular com Extensão em Nutrigenômica.
É
Diretora da Clínica Equilíbrio Nutricional e autora dos Livros: "Saúde
& Sabor com Equilíbrio" - Receitas Infantis, “Saúde & Sabor com
Equilíbrio” – Receitas Diet e Light Volumes I e II, Colaboradora do livro
Nutrição Esportiva – Aspectos relacionados à suplementação nutricional e autora
do Livro “As Melhores Receitas Light da Clínica Personal Diet”.
As informações
contidas neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizada única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
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