A cirurgia bariátrica é reconhecida como um dos
tratamentos do nível mais grave de obesidade, a de grau 3. Nesse estágio, ela
já é classificada como mórbida, ou seja, representa uma enfermidade. Muitas
pessoas recorrem ao procedimento quando não conseguem alcançar um peso saudável
por outros meios, como a reeducação alimentar e a prática de atividade física.
Os índices de obesidade tiveram um crescimento no
último ano, principalmente entre adultos de 25 a 44 anos. O aumento foi de
67,8%, saindo de 11,8% em 2006 para 19,8% em 2018, segundo a pesquisa de
Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico (Vigitel), de 2018, do Ministério da Saúde.
Com os números em alta e todos os perigos à saúde
que envolvem a obesidade, é possível perceber uma movimentação das pessoas
contra o excesso de peso. O Vigitel de 2017, por exemplo, também demonstrou uma
melhora nos hábitos dos brasileiros. Mas apesar disso, a cirurgia bariátrica
surge no imaginário das pessoas como uma saída aparentemente definitiva.
Bariátrica pelo SUS
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e
Metabólica (SBCBM) orienta que os pacientes interessados podem recorrer ao
Sistema Único de Saúde (SUS), desde que tenham esgotado todas as possibilidades
de tratamento clínico para a doença. Até maio de 2019, foram realizadas pelo
SUS 5.073 cirurgias bariátricas no Brasil. É sempre bom lembrar também que,
como em qualquer outro, esse procedimento apresenta riscos.
Além disso, é preciso cumprir os requisitos
impostos pelo Ministério da Saúde, que incluem: idade mínima de 16 anos; IMC
maior ou igual a 40; ou IMC maior que 35 associado a comorbidades, que são
doenças diretamente ligadas a obesidade, como diabetes e hipertensão. Os
pacientes também precisam passar pela avaliação de uma equipe multidisciplinar,
que inclui acompanhamento médico, nutricional e psicológico.
O procedimento tem como contraindicações a falta de
condições clínicas por parte do paciente e o uso abusivo de álcool ou drogas
ilícitas nos seis meses antecedentes, além de doenças psiquiátricas não
controladas.
Cirurgia Bariátrica x Balão Intragástrico
Quando se fala em tratamentos para a obesidade,
dois procedimentos são levados em consideração: a cirurgia bariátrica e o balão
intragástrico. Esse último funciona como um “peso” no estômago, que faz o
paciente emagrecer por obstruir o espaço que até então recebia um maior volume
de comida, provocando a diminuição do apetite e o aumento da sensação de
saciedade após as refeições.
O
balão tende a emagrecer menos que a cirurgia bariátrica e é indicado para os
pacientes com obesidade moderada, IMC abaixo de 35, ou para o emagrecimento
pré-operatório de pacientes com obesidade extrema.
Em
relação à bariátrica, o cirurgião lembra que existem basicamente dois tipos: as
técnicas restritivas e as disabortivas. A primeira causa a diminuição do volume
do estômago e a segunda provoca a diminuição da absorção dos nutrientes.
As
técnicas são definidas conforme as comorbidades e exames pré-operatórios, mas
também são levadas em consideração as escolhas individuais de cada paciente. As
técnicas irreversíveis são aquelas em que ocorre a ressecção gástrica
(procedimentos que envolvem cortes no tecido gástrico).
Mentiras e Verdades
MENTIRAS
1 – As
mulheres que passaram pelo procedimento não podem engravidar
Mentira. As mulheres que realizaram a cirurgia
bariátrica podem sim engravidar, desde que isso aconteça cerca de 18 meses após
a realização do procedimento. Esse período de espera é importante para evitar
complicações nutricionais tanto para o bebê quanto para a mãe.
2 – Quem
já fez a cirurgia bariátrica está impedido de doar órgãos.
Mentira. Quem passou pelo procedimento ainda pode
ser doador de órgãos.
3
–Pacientes que fizeram a bariátrica precisam, obrigatoriamente, passar pela
cirurgia plástica
Mentira. A cirurgia reparadora tem como objetivo o
retorno à funcionalidade, conforto e estética do paciente, mas nem sempre
ela é necessária.
4 – A
cirurgia bariátrica cura diabetes
Mentira. A cirurgia é uma arma poderosa no
tratamento do diabetes mellitus, mas não representa a cura. O procedimento é
capaz de provocar a remissão, que seria o enfraquecimento da doença a partir da
diminuição dos sintomas. Cerca de 50-85% dos pacientes experimentam remissão da
doença no pós-operatório. A cirurgia também não provoca a regressão das lesões
microvasculares provocadas pelo diabetes.
5 –
Depois da cirurgia, os pacientes precisam fazer suplementação apenas por um
período
Mentira. A suplementação com polivitamínicos deve
ser feita pelo resto da vida, e inicialmente esses suplementos devem ter maior
concentração de ferro e vitamina B12.
6 –
Pacientes bariátricos vão ter anemia após o procedimento
Mentira. A anemia pode surgir em pacientes que não
utilizam suas vitaminas ou não se alimentam corretamente. Aqueles que fazem o
acompanhamento adequado podem ficar tranquilos.
VERDADES
1 – O
acompanhamento psicológico é recomendado para todos os pacientes
Verdade. Apresentando um quadro de compulsão
alimentar ou não, o acompanhamento psicológico deve ser realizado por todos
os pacientes no pré e pós-operatório.
2 – Após
a cirurgia é possível engordar novamente
Verdade. A taxa de falha gira em torno de 25%.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), o
paciente pode voltar a engordar se não assumir hábitos saudáveis, como a
prática de atividade física e a reeducação alimentar.
3 – Os
cabelos podem cair e as unhas ficarem quebradiças
Verdade. É comum a queda de cabelo após três meses
da realização da cirurgia. Já as unhas podem ficar quebradiças se o paciente
não utilizar os polivitamínicos e ingerir pouca proteína.
4 – Após
o procedimento, é normal que os pacientes passem mal ao comer alimentos doces e
gordurosos
Verdade. Comer alimentos doces e gordurosos pode
provocar nos pacientes o chamado “dumping”, que consiste em um conjunto de
sintomas que inclui: sudorese, respiração acelerada (taquipneia), mal-estar
generalizado, visão turva e sensação de morte. Apesar dos sintomas ruins, não
há risco de mortalidade.
5 – É
normal perder mais peso nos primeiros seis meses
Verdade. A perda de peso é maior nos primeiros 6
meses e, principalmente, no primeiro ano após a realização do procedimento.
Depois desse período, o paciente precisa seguir as orientações dadas pela
equipe multidisciplinar para que o emagrecimento continue progredindo.
6 – Não
existe um peso mínimo para fazer a cirurgia bariátrica
Verdade. O peso de pessoas aptas a realizar o
procedimento pode variar, dependendo do seu IMC, altura e outros fatores. Essa
avaliação é feita caso a caso e também leva em consideração comorbidades, a
saúde mental e a relação do paciente com álcool e drogas.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências
Bibliográficas:
Mentiras
e verdades sobre a cirurgia bariátrica. Ministério da Saúde. Disponível em: www.saude.gov.br
Acessado em: 15/10/2019.
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